Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Novas Culinárias Asiáticas

14 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Gastronomia | Tags: , , , ,

A América do Sul, dada a ampla diversidade de gostos dos seus consumidores, estimula um grande número de empresários a trabalharem com as culinárias asiáticas, que enriquecem as alternativas disponíveis.  Muitos que viajam pela Ásia tomam conhecimento das iguarias lá existentes, o que é ótimo, e procuram trazer para cá, fazendo adaptações livres.

No entanto, a adaptação para o paladar que se supõe seja o dos sul-americanos e as disponibilidades de matérias-primas locais exigem cuidados.  Todas as culinárias costumam ter uma base que nem sempre é absorvida pelos que as preparam, e a química que ocorre com as combinações das matérias-primas ou ingredientes podem acabar provocando desastres.

Um dos absurdos que tenho encontrado nos restaurantes é o uso do “shitake” local (um cogumelo que costuma ser utilizado seco por muitos asiáticos, semelhante ao “funghi secchi” italiano), como se fosse um substituto mais barato do importado, e ainda utilizado fresco.

Ora, o “funghi secchi” combina muito bem com o creme de leite, mas o “shitake” choca-se com derivados de leite.  O que se costuma é combinar o “shitake seco” com o “mirim” (uma espécie de “sakê” para a culinária), e se ajusta melhor com um vinho branco que se assemelha mais com aquela bebida oriental.

A disseminação não adequadamente assimilada do “sashimi” e do “sushi”, para mim, é uma calamidade.  Os brasileiros, por exemplo, são muito criativos e capazes.  Um verdadeiro “sushiman” japonês leva onze anos para ficar completo, pois também é um “chef” e vai aprendendo “filando” dos mais veteranos, começando por lavar pratos.  Aqui se prepara um profissional em menos de onze horas…

Num balcão de um restaurante de “sushi” respeitável no Japão, conversa-se sobre a procedência do pescado, a época mais adequada para cada variedade, e o “sushiman” sabe tudo, dá uma verdadeira aula.  Aqui, mal se consegue informar que foi adquirido no Mercado Municipal, quando não foi entregue pelo peixeiro.  Mal sabem servir produtos que neutralizam a boca, para apreciar diferentes frutos do mar, cujos sabores são evidentemente diferentes.  Ainda que no Brasil se disponha de camarões de diversas variedades, mal conhecem os que procedem de Santa Catarina.  Nem os “sushimen” nikkeis sabem que existe, no Maranhão, uma variedade que se aproxima do “ama ebi” (camarão doce) que é apanhado na praia, quando as águas refluem depois das ondas.

É ótimo que sejam criativos, mas depois de aprenderem o básico, por favor.


Consumo de Atum no Mundo

8 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , , , , ,

A pesca do atum vem aumentando velozmente, com a disseminação do consumo de sushis e sashimis cada vez mais apreciados em todo mundo, inclusive na China (mais de um bilhão e trezentos mil habitantes) onde não havia o hábito de se consumir peixes crus. Esta demanda está colocando em risco a sobrevivência de alguns tipos de atum, cogitando-se colocá-los entre as espécies em extinção. Entre eles está o atum azul, cuja carne gordurosa da parte da barriga, chamada de toro, é muito apreciada pelo seu sabor raro. Chega a pesar cerca de meia tonelada, e é um dos peixes mais caçados pelos mares. Estuda-se a sua criação em cativeiro, ainda inviável, pois é bem mais complexa que a criação do salmão, por exemplo.

Recentemente noticiou-se que no mercado de Tokyo um atum da variedade “rabilho”, a mais apreciada pelos japoneses, pesando 232 quilos, foi leiloado por US$ 175 mil, arrematado por um consórcio de restaurantes, um deles de Hong Kong. Isto resulta em cerca de US$ 750 o quilo. Limpo e transformado em sashimi vai ficar em cerca de US$ 1.500 o quilo, só de matéria prima. Uma pequena fatia de 10 gramas vai ficar em torno de R$ 80 para o consumidor final, incluindo a margem do restaurante. Cogita-se colocar também esta variedade de atum, pescado no norte do Japão, entre as espécies em extinção.

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