Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Brasileiro que Mora no Japão, Saudades no Natal

14 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , , | 2 Comentários »

A título de uma crônica e solidariedade. Aos brasileiros nascidos num país tropical, abençoado por Deus. Nos tempos de inverno, eles sentem mais saudades do Brasil. A falta dos seus entes queridos. Quando estão sob invernos rigorosos suas lembranças se voltam aos dias felizes. Nem eram tão conscientes.

images arvores neve

Quando amanhece somente pelo meio da manhã, começa escurecer no fim da tarde, na alma uma nostalgia das bênçãos dos trópicos. Muitos habituados em regiões frias sentem a falta de um bom inverno com neves. Mas não é a mesma saudade intensa das alegrias humanas, agravada pelo frio. Um quê de solidão, a falta de uma parte de nós mesmo.

Coisa mais estranha, o Natal no Japão. Um dia normal como outros, com um pouco de enfeites nas lojas, um ar comercial. Talvez um jantar reunindo amigos, mas sem o clima necessário. Falta a expectativa das vésperas, do corre-corre dos países de tradição cristã. Ainda que se tenha esquecido a verdadeira razão da data. Só resta a exploração comercial, as trocas de presentes. Agradecimentos pelos favores. Falta a espontaneidade.

Nada de preparar uma árvore de Natal, um presépio. Enfeites pela casa até com lembranças que não são tropicais. Com flocos de algodão imitando neves, com pinheiros não brasileiros. Mas faz parte da tradição.

Imaginar um Papai Noel com o seu trenó, com alguém fantasiado de vermelho. Um saco nas costas para alegrar as crianças, inocentes. Uma canção natalina, um calor de horas felizes com amigos. Até com alguns calores etílicos.

Jornada normal num escritório impessoal, nipônico. O Natal só começa quando o expediente acaba. Uma despedida com um Feliz Natal formal para os colegas. Sente-se um nó no coração, a falta de algo. Talvez um pequeno encontro com familiares.

Que saudades do Brasil. Suas limitações são nadas. Quisera sentir um abraço amigo, desinteressado. O calor dos trópicos, humano, espontâneo. Sem precisar se embebedar para se libertar dos formalismos, das armaduras.

Isto, mais humano, com alegria de viver. Mesmo pobres, sem orgulhos. Simples. Porque não abraçar, beijar nas faces. Não há malícia, mas amizade. Contato de pele com pele, inocente. Tudo terminal em carnaval, alegria saltitante. Outros preferem o aconchego de uma igreja. Uma pausa para meditar sobre a doação.

Somos humanos… Com nossas falhas…

Um sincero Feliz Natal a todos…