Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Comentários Mínimos Sobre os Câmbios

18 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Entre os assuntos mais espinhosos para os comentaristas econômicos figura, certamente, os comportamentos dos câmbios, ainda que seja dos mais questionados pelos que dependem deles para se posicionarem nos seus negócios. O jornal Valor Econômico publica hoje alguns artigos falando da valorização do dólar, difíceis de serem imediatamente compreendidos pelos seus leitores, mesmo que sejam um público especializado, pois todos entendem que existe uma forte tendência de desvalorização do dólar num prazo mais longo. Isto acontece porque as conclusões dependem do período selecionado para a análise, diante das fortes flutuações que têm ocorrido recentemente.

Nos artigos elaborados por Alex Ribeiro e Fernando Travaglini, informa-se que a guerra cambial diminui, mas os controles estabelecidos por alguns países, inclusive o Brasil, ainda persistem, baseados no período de abril a outubro de 2011, portanto, num prazo curto dos últimos meses. Estão baseados nos estudos publicados pelo Peterson Institute for Internacional Economics, de autorias de Willian R. Cline e John Williamson.

De outro lado, na coluna publicada no mesmo Valor Econômico, Assis Moreira informa que o real deixa de ser a moeda mais valorizada, utilizando outro período analisado pelo BIS – Banco Internacional de Compensações, que mostra que o dólar norte-americano desvalorizou-se neste período, que tem base em 2005 com o índice 100 e vem até os dias atuais.

Na tentativa de esclarecer um pouco da tendência que se observa no período janeiro de 2001 ao mais recente disponível, que é de 17 de novembro de 2011, a Idéias Consultoria elaborou um gráfico que pode ajudar a compreender até visualmente, ainda que seja um pouco mais técnico.

Corrigido

O que pode se constatar é que o dólar apresentou uma desvalorização sensível que está relacionada com o aumento do preço das principais commodities, no período que vem desde janeiro de 2001, provocando uma valorização das outras moedas. É uma tendência que se observou num prazo mais longo, desde 2001.

Mas, desde agosto deste ano 2011, houve uma acomodação que está assinalada para setembro, outubro e 17 de novembro, que foi destacado nos primeiros artigos mencionados acima, no Valor Econômico. Neste período, o dólar norte-americano valorizou-se como consequência do influxo de recursos que procuravam uma segurança nos títulos norte-americanos, fazendo com que as moedas dos principais países emergentes se desvalorizassem, inclusive o real.

O que só não aconteceu somente com o yen japonês, que é de uma economia industrializada que também serve de refúgio para os que evitam riscos, e que gera dificuldades para as suas empresas, exigindo medidas de intervenção das autoridades do Japão.

Joan Robionson, uma famosa inglesa acadêmica de economia, afirmou que só estudou esta especialidade para não ser enganada pelos economistas, onde podem ser incluídos os analistas que estão a serviço do sistema financeiro, que ganha na ida como na volta.

As famosas Mrs. Watanabe, pequenas poupadoras japonesas que procuraram obter ganhos melhores no exterior do que proporcionado pelas aplicações no Japão, que colocaram quase uma centena de bilhão de dólares nos chamados hedge funds, perderam com estas variações cambiais, quando os seus administradores ficaram com a parte do leão, tanto quando estava havendo uma valorização do real como quando ele sofreu uma desvalorização.