Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

2010 e o Intercâmbio Asiático-Sul-Americano

2 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , , ,

Não obstante as sempre ressaltadas potencialidades deste intercâmbio, ele vem se recuperando, depois de ter registrado no passado um nível que impressionava o mundo. Montou-se, na segunda metade do século passado, um sistema logístico que permitia que os navios carregados de minérios brasileiros chegassem aos portos e siderúrgicas asiáticos, de forma competitiva, e trouxessem o petróleo do Oriente Médio.

Depois da crise mundial que recentemente abalou tanto a América do Sul como a Ásia, 2010 apresenta novas oportunidades de aumento do intercâmbio bilateral. A televisão digital de alta definição, com tecnologia nipo-brasileira, já se estende por alguns países sul-americanos e deve ganhar um grande impulso com a Copa do Mundo na África do Sul. Existem possibilidades para se instalar o trem de alta velocidade no Brasil, até com um consórcio internacional, que poderá ser definido nos próximos meses. Assim como diversos intercâmbios na área energética e ecológica, que devem crescer bastante.

Para a superação da atual crise, os governos foram obrigados a tomar medidas para o decidido apoio ao setor privado, mas nem tudo ainda parece estar bem coordenado no Japão, que já foi chamado de “Japan Incorporation”. Por outro lado, a China revelam vigor e agressividade impressionantes, assim como outros países asiáticos, como a Coréia do Sul e a Índia. Continuam com políticas pro-ativas. É preciso que as oportunidades sul-americanas sejam aproveitadas pelas empresas asiáticas, envolvendo decididas ações governamentais, como acontece na China.

O Brasil ganhou um novo status no cenário internacional e está sendo procurado por variados países para parcerias em diversos projetos. Deixou de ser o país do futuro, e transformou-se no do presente. Até agora, o Japão, mesmo depois das eleições que provocaram uma mudança política radical, parece continuar com suas atenções voltadas mais para a Ásia, o que é natural. Porém, a diversificação de riscos é muito importante neste mundo globalizado.

O Brasil e o Japão têm uma longa história de intercâmbio, mas não se nota, em ambos os lados, um maior empenho nas iniciativas para um novo impulso, beneficiando a Ásia e a América do Sul, salvo no envio de missões prospectivas. Os nikkeis sul-americanos, que deveriam servir de ponte entre as duas regiões, precisam se organizar para dar uma contribuição mais determinada, pois não existe nenhum lobby para tanto. Não se trata de uma ação segmentada, mas observando o que fazem chineses, coreanos e outros povos asiáticos, os japoneses parecem estar quase ausentes, principalmente nas ações oficiais, salvo em isoladas atividades privadas.

O intercâmbio da Ásia com a América do Sul será incrementado, pois os interesses dos países desenvolvidos e emergentes estão procurando alternativas, fora dos Estados Unidos, da Europa e do Japão, onde há sinais de saturação. A saída mais racional deverá ser pela procura de grandes massas de populações que estão se inserindo no mercado, como no Brasil, na China e na Índia, sem condicionamentos políticos. E, inclusive com intercâmbio entre eles, que devem ganhar expressão.

Existem muitos fundamentos que estão sendo atendidos, mas sem se conseguir resultados operacionais, por uma absoluta falta de decisão política. Os nikkeis sul-americanos deveriam atuar junto à opinião pública de ambas as regiões, para forçar as mudanças de atitude dos governos, aproveitando os novos esforços ecológicos que irão liderar as iniciativas nos próximos anos, quando a Ásia e a América do Sul exercerão lideranças importantes.



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