Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

América do Sul

2 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Intercâmbios | Tags: ,

A América do Sul é de grande complexidade para a nossa própria compreensão, e objeto de grande interesse para os asiáticos. A sua diversidade étnica é grande e a informação formal precária, com algumas incorreções. Visto da Ásia a América do Sul é considerada pela sua população mais descontraída e alegre. E a origem genética dos indígenas é certamente asiática, pois eles nascem com as mesmas manchas roxas na nádega, que desaparecem em alguns meses.

Dividimos este vasto continente pela sua influência espanhola e portuguesa. A parte espanhola foi fragmentada politicamente, constituída de países de grande dimensão como a Argentina e outros menores como o Equador, os três antigos territórios Guianos (Francês – ainda não emancipado, o ex-Inglês e o Suriname, antes Holandês). Ou mesmo o Uruguai e Paraguai, com dimensões geográficas limitadas, e nível de desenvolvimento econômico diferenciado, com o Chile. Na medida em que aprofundamos o seu conhecimento, vemos que as diferenças são acentuadas dentro do mesmo país, como no Brasil, inclusive de ponto de vista étnico. Nestes cenários aparecem figuras exóticas como Chaves, com sonhos de uma reunificação bolivariana, inspirado exatamente em quem ajudou a dividir tudo.

 

O Brasil constante dos livros didáticos pouco tem relação com a sua realidade. Ao nível das camadas mais simples da população, como os trabalhadores rurais, nota-se que nem sempre o português é um idioma de compreensão geral, havendo um linguajar popular cheio de graça. Apesar de ser considerado o maior país católico oficialmente, a diversidade de religiões é muito grande na sua população, com adaptações das influências africanas e outras de variadas origens reformistas. As convivências entre elas são, geralmente, pacíficas, com tolerâncias como as asiáticas.

A grande dimensão geográfica do país, com áreas menos conhecidas, facilita as generalizações inadequadas. A Amazônia, por exemplo, é considerada uma planície homogenia de florestas tropicais (conhecidas em inglês como “rain forest”), de estrutura geológica recente e frágil. No entanto, a Transamazônica não tem nenhum trecho de dez quilômetros de reta. Metade do Estado de Roraima é de campos, e os maiores picos brasileiros estão lá como o da Neblina. E por estar no hemisfério norte, a sua estação de chuva é oposta a de Manaus. A Amazônia é o maior depositário universal da diversidade vegetal e animal, e chega a apresentar o fenômeno da “friagem”, atingindo temperaturas ao nível de dez graus, ainda que a elevada umidade seja a sua característica geral.

Hoje, com os conhecimentos proporcionados pelos satélites, sabe-se que existem mais de 20 Amazônias diferentes, que podem ser constatadas por viagens terrestres ou fluviais, mas ainda pouco divulgadas talvez para manter uma imagem de “Inferno Verde”. Nas grandes ocorrências de minérios, como em Carajás, verifica-se que são as mais antigas formações geológicas brasileiras. Tudo indica que, antes da formação, dos Andes era um mar com algumas ilhas. É evidente que todo este patrimônio natural precisa ser preservado de forma sustentável.

O vasto Nordeste brasileiro é considerado um semiárido. Mas existem vales úmidos e algumas de suas serras apresentam climas amenos como de São Paulo. O seu litoral é, no geral, bastante ventilado e chuvoso. Conta com uma precipitação pluviométrica mínima de 300 milímetros anuais nas áreas mais áridas, ainda que mal distribuída, o que as qualificam como adequadas para atividades agrícolas, com um mínimo de correções. Um agrônomo asiático comentou que nos projetos de irrigação chegava-se a utilizar dez vezes mais de água que o necessário.

O Sudeste e o Sul brasileiro são mais conhecidos, por serem intensamente ocupados. Mas, apresentam características próprias, muito por influência dos imigrantes internos e externos que receberam. Algumas de suas terras já foram cerrados ou campos e hoje são produtoras agropecuárias da mais alta qualidade, melhorada pela ação humana. O amplo Centro-Oeste conta com o Pantanal como com cerrados, transformados nas mais importantes áreas produtoras hoje intensivas. Tudo isto mudou radicalmente a sua geografia, que enriquece o país com diversidades, condicionando as populações que vivem nas diversas regiões.

Há, portanto, que se analisar cuidadosamente as condições prevalecentes em cada país e em cada região, multiplicando alternativas para intercâmbios de elevados retornos, contribuindo para o bem estar mundial. Não se pode confiar, nem mesmo nas informações oficiais.



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