Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Hierarquização

2 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Intercâmbios | Tags: , , , , , , , | 5 Comentários »

Uma diferença acentuada ocorre na forma em que as pessoas se hierarquizam nas empresas da América do Sul e na Ásia, principalmente no Extremo Oriente, e o papel que cabe a cada pessoa nesta organização, muito por influência do confucionismo. Tudo está mudando rapidamente com a globalização, mas o básico ainda continua valendo em cada região.

Em ambas as regiões, a estrutura populacional está se alterando lenta, mas firmemente. O Extremo Oriente vem elevando o seu percentual de idosos, dada a longevidade de sua população, com preocupante redução da taxa de natalidade. Com defasagem de algumas décadas, na América do Sul a população também vem se comportando de forma similar. Mas na hierarquia empresarial, outros fatores acabam interferindo, além da idade.

Enquanto na América do Sul as diferenças econômicas continuam importantes e o patriarcalismo ainda deixa os seus efeitos, no Extremo Oriente, tanto por influência do confucionismo como de outros fatores culturais, a importância da hierarquia é mais acentuada. A idade é um fator fundamental, mas a educação é relevante. Também as posições que já ocuparam, ao longo de suas carreiras.

As grandes universidades asiáticas foram organizadas com o objetivo de formar a elite dirigente do país. Na China, a burocracia foi organizada para servir, inicialmente, ao Estado, assim como no Japão. Isto faz com que os relacionamentos entre pessoas, como os de serem da mesma escola, acabam ganhando uma elevada importância. Há uma rede de comunicação que supera os limites de uma organização ou empresa.

No intercâmbio entre a América do Sul e a Ásia, os efeitos destas hierarquias diferentes acabam influindo. As decisões nas organizações como as japonesas costumam serem tomadas por consenso, nos escalões intermediários, normalmente de gerentes gerais. Eles recebem as informações dos escalões subalternos e os gerentes gerais que representam departamentos de uma empresa necessitam obter o consenso de todos os setores envolvidos, o que demanda tempo e negociações entre eles. Os coreanos costumam serem pragmáticos e os chineses contam com grandes equipes que acumulam informações de todos os aspectos.

Na América do Sul, salvo em poucas empresas com governanças corporativas devidamente consolidadas, as decisões são tomadas pelos altos escalões, normalmente de controladores ou proprietários, para simples execução dos menos hierarquizados.

Para que haja o consenso no Japão, é comum que haja levantamentos demorados e minuciosos, com uma consideração sistêmica que permite destacar o papel do projeto que esteja sendo negociado no cenário geral. Para se atingir o consenso, uma figura para formular o aceitável por todos os setores envolvidos, ainda que não seja o ideal, acaba sendo muito estratégica nos entendimentos.

Em toda a cultura asiática, “salvar a face” dos interlocutores é muito relevante, nem sempre funcionando a técnica de deixar a outra parte sem alternativas honrosas.

As culturas dos asiáticos acabam determinando o comportamento deles quando na América do Sul. A tendência dos japoneses é procurar os sul-americano que estão no mesmo nível hierárquico, que não têm o domínio do projeto que esteja em negociação. E os altos escalões locais, que possuem a visão global deste projeto nem sempre possuem a paciência para fornecer todos os dados que são necessários para os japoneses. Os coreanos são mais ousados e os chineses possuem a consciência de sua importância econômica e comercial, fazendo uso dela.

Conhecendo-se estas diferenças e outras que precisam ser aprofundadas, existem amplos espaços para negociações entre sul-americanos e asiáticos, aproveitando as qualidades de uns, superando as limitações dos outros, tudo com muita paciência.


5 Comentários para “Hierarquização”

  1. juliana junior
    1  escreveu às 08:22 em 15 de abril de 2010:

    adorei isso me ajudou muito no meu trabalho de religião mas há um problema a letra está muito pequena melhora aí pra gente que vai ficar 100 por cento!!!
    VALEU GALERA!!!!!!!!!!!!

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 21:42 em 15 de abril de 2010:

    Cara Juliana Junior,

    Obrigado pelo comentário. Quanto ao problema do tamanho da letra, usualmente, os computadores permitem o aumento da mesma. Por favor, solicite a ajuda de alguem que entenda do assunto.

    Paulo Yokota

  3. mariana storch
    3  escreveu às 08:26 em 15 de abril de 2010:

    gente amei esssa página quando eu abri disse:
    _ deve ser que não tenha nada de interessante.
    mas me enganei

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 21:38 em 15 de abril de 2010:

    Cara Mariana Storch,

    Muito obrigado pelo comentário. Esperamos continuar atendendo sua expectativa.

    Paulo Yokota

  5. Herberto Macoto Yamamuro
    5  escreveu às 10:46 em 3 de abril de 2015:

    Muito oportuno esta abordagem. Eu que atuo mais de 25 anos no setor , vivenciei as industrias japonesas em TIC se tornarem lideres mundiais e nestes ultimos 10 anos perderem as posicoes em Comunicacaoes para as Chinesas Huawei e ZTE e em AV para Sansung e LG . A escala neste segmento se tornou critico e pensar em produtos globais foi decisivo , enquanto mantivemos 7 a 9 empresas japonesas degradiando entre si : Panasonic, NEC , Fujitsu ,Toshiba , Sony , Sanyo , Sharp ,Hitachi e Oki , os chineses focaram em apenas duas e em Telco enquanto os Coreanos em apenas em duas a LG e Sansung com os respectivos paises provendo recursos e mais recursos em P&D e suporte ao desenvolvimento dos jovens ,o Japao parou e pagamos por isto. Agora e retomar a batalha nas tecnologias que visam a sustentabilidade .


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