Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Notícias Atuais do Japão

24 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , , ,

O Japão vem desenvolvendo toda a sorte de medidas para sair do período de baixo crescimento que já perdura por décadas, e se agrava com a atual crise econômica. Como o governo não é capaz de estimular a economia, parece que o próprio setor privado também tenta as suas iniciativas.

O país, quando a sua economia crescia, impressionando o mundo com o chamado “Milagre Econômico”, foi ajudado por uma série de fatores externos, como o Plano Marshall, logo depois da Guerra, e a própria Guerra da Coreia, quando era o principal abastecedor dos Aliados. Mas o comando da economia era coordenado pelo Keidanren – a poderosa Federação das Organizações Econômicas, privada, envolvendo a indústria, o comércio e até as instituições financeiras, com contribuições próprias, podendo ser independente. No caso brasileiro, o sistema sindical patronal decorre de impostos e é somente administrado pelo setor privado, dividido pelos seus grandes setores, não dispondo de um ponto de vista comum, voltado a problemas de longo prazo.

A própria burocracia da administração pública e a classe política japonesa era fortemente influenciada por esta cúpula empresarial, comandada pela indústria pesada. Eram as siderurgias, como a Nippon Steel, a indústria de equipamentos pesados, como a Ishikawajima-Harima, os estaleiros, como a Hitachi, todos de empresários treinados para pensar a longo prazo, geradores de tecnologia, que deve comandar toda a economia. O comando da economia pelo setor financeiro acaba sendo uma distorção, pois acaba se concentrando nos resultados de prazo mais curto.

Só para se ter uma idéia, a mais completa Missão do Keidanren que veio ao Brasil, percorrendo todos os projetos brasileiros, muitos dos quais os japoneses apoiaram decisivamente, era composta por 11 pesados líderes e, na sua hierarquia, o presidente da Toyota da ocasião ocupava a posição mais modesta. Vieram do Japão acompanhado de 34 assistentes, muitos diretores executivos das maiores empresas japonesas, ao qual foram agregados os executivos que se encontravam no Brasil.

Depois das crises petrolíferas e a bolha que afetou a economia brasileira, os setores mais leves, como a automobilística e de câmeras fotográficas, ainda que envolvidas nas inovações tecnológicas, assumiram o comando do Keidanren. Agora se anuncia a volta para o setor de base, como a petroquímica, onde os investimentos são de longa maturação e as inovações continuam importantes por exigir, também, a sustentabilidade.

Estes setores básicos acabam influenciando outros setores, como os financeiros e comerciais, ou os “downstream”, que acabam sendo braços auxiliares ou executivos, como deve ser numa economia que pensa a prazo mais longo, e deve comandar tanto a classe política quanto a burocracia governamental, ainda que de forma mais diplomática. Se algo inovador como este símbolo não vier a ser adotado, o Japão corre o risco de se tornar uma ostra entre o mar norte-americano, batendo nas pedras chinesas…



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