Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Revendo o Clássico “Rashomon”

18 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , , , , | 6 Comentários »

Este clássico do diretor japonês Akira Kurosawa, revisto num vídeo, é trabalho universal como toda obra-prima, pois trata de forma surpreendente a análise da natureza humana. Foi o primeiro filme do pós-guerra que fez sucesso no Ocidente. Elaborado em 1960, ainda hoje é admirado por muitos, tendo um elenco de atores que trabalharam com Kurosawa por décadas. Com “Rashomon”. o mundo ficou sabendo que o Japão tinha outros cineastas que passaram a merecer atenção.

“Rashomon” é o nome do portal de um templo, que no filme é apresentado como uma ruína. Durante um temporal, há uma conversa entre um monge, um lenhador e um mendigo sobre um assassinato que teria ocorrido recentemente. Na realidade, Kurosawa, segundo o doutor Tadao Sonoda, médico estudioso de temas japoneses, baseou-se em dois contos, um deles chamado “No Bosque”.

O filme apresenta diversos ângulos pelos quais fatos objetivos podem ser vistos e interpretados por diferentes personagens, como acontece na vida humana. A versão de um bandido, Tanomaro, é representada pelo conhecido Toshiro Mifune, que seria o assassino. A versão do assassinado, o samurai Takehiro, é interpretado por Masayuki Mori, na forma de uma revelação para uma medium.

A da esposa do samurai, objeto da cobiça do bandido, é uma personagem magnificamente representada pela consagrada Machiko Kyo. A do lenhador, que não revelou o que viu na mata, no templo em que o caso foi examinado, mas apresentou-a na conversa sob o “Rashomon”, é interpretado pelo Takashi Shimura. A interpretação do monge, que acompanhou a apuração no templo, ficou a cargo de Minoru Chiaki. Todos estes atores aparecem nos muitos filmes de Kurosawa, até os seus últimos.

Com a perspectiva do tempo decorrido, pode-se apreciar melhor a genialidade de Kurosawa, como o fundo musical de um dos depoimentos de Machiko Kyo, que nada é menos que o “Bolero”, de Ravel, num filme eminentemente japonês.

Ainda que a discussão gire em torno da lastimável natureza humana, há espaço para otimismo, ainda que não seja um vulgar happy end hollywoodiano.

Para os que são apreciadores de Kurosawa, uma boa notícia. Há uma expectativa de uma grande surpresa em São Paulo neste ano.


6 Comentários para “Revendo o Clássico “Rashomon””

  1. Frank Honjo
    1  escreveu às 14:32 em 19 de janeiro de 2010:

    Sou fã do cineastra Akira Kurosawa.

    Realmente os filmes possui o espirito japonês de pensar. Além é claro de cenas que parecem mais quadros de obra de arte.

    Estou curioso com essa surpresa.

    Boa tarde

    Frank

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 08:54 em 4 de fevereiro de 2010:

    Caro Frank Hongo, obrigado pelo comentário. A surpresa, esperamos poder divulgar neste ou no próximo mês. Paulo Yokota

  3. Nub
    3  escreveu às 22:22 em 16 de maio de 2010:

    O filme Rashomon é de 1950…

  4. Naomi Doy
    4  escreveu às 11:28 em 17 de maio de 2010:

    Sim claro, Nub:

    É de 1950. Agradecemos a sua atenção e a visita.

  5. Flavio
    5  escreveu às 02:35 em 27 de agosto de 2012:

    A música no filme não é o Bolero, de Ravel. É uma composição de Fumio Hayasaka baseada no Bolero ou, melhor, é um bolero também, ou seja, poderia ser uma valsa, ou uma habanera, mas é um bolero, e por isso se parece com o de Ravel.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 10:59 em 27 de agosto de 2012:

    Caro Flavio,

    Obrigado pelo comentário. Espero que V. esteja certo.

    Paulo Yokota


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