Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Poupança: Uma Questão de Cultura

4 de fevereiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , , , ,

Muitos se espantam com as elevadas taxas de poupança dos asiáticos, questionando porque os sul-americanos não seguem o mesmo comportamento. Devem existir diversas razões, e algumas podem ser sugeridas.

Todos devem se lembrar das famosas fábulas de La Fontaine, entre elas “A cigarra e a formiga”. Muitos países asiáticos possuem um rigoroso inverno e quem não poupar durante o resto do ano corre um risco alto de passar por necessidades.

Estes tipos de ensinamentos constam dos livros didáticos infantis dos asiáticos que, ao mesmo tempo em que aprendem a ler e a escrever, recebem lições de um comportamento entendido como moral, parte como ensinamentos deixados por Confúcio.

Quando todos os asiáticos eram pobres, receberam lições domésticas contra o desperdício, aprendendo a nada deixar sobrar nos pratos. Tudo que era consumido deveria ser feito com parcimônia, pois poderia faltar a si ou a outros. Também europeus pobres receberam as mesmas lições.

No mundo tropical, dada a natureza dadivosa, sem um inverno rigoroso, poucos eram os que morriam por falta de comida. Pero Vaz de Caminha já registrava: “aqui, plantando-se tudo dá”. Isto não favorecia o hábito da poupança.

Na medida em que o desenvolvimento depende dos investimentos, e estes de poupanças, há uma possibilidade dos asiáticos contarem com crescimentos mais robustos, sem que isto seja suficiente. Quando surgem os empresários, dispostos a tomarem riscos, utilizando até a poupança alheia, a tendência ao desenvolvimento aumenta. No passado, acreditava-se que era necessária a segurança jurídica e uma série de condições proporcionadas pelas autoridades. Também ajudam, mas a China tem comprovado que mesmo sem elas os empresários são suficientemente gananciosos para correrem seus riscos.

Por incrível que pareça, a falta de uma previdência adequada pode ajudar a formação da poupança. Os japoneses, por exemplo, costumavam formar um patrimônio com suas poupanças, até com ações que proporcionavam baixas rentabilidades, preocupados que estavam com a sobrevivência na velhice. Mas quando os empresários deixam de ser agressivos, elas não são aproveitadas para se transformarem em investimentos que produzem bens adicionais e proporcionam empregos.



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