Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Sabedoria Política de Junichiro Koizumi

28 de fevereiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , ,

É preciso ser um sábio para deixar o poder quando ainda se goza de muito prestígio popular.  O ex-primeiro-ministro Junichiro Koizumi visita agora, particularmente, o Brasil sem nenhum alarde, mostrando toda a sua qualidade pessoal e humana.

Chegou ao comando do governo japonês sem despertar uma grande expectativa, mas foi conquistando prestígio popular na medida em que mostrava a sua capacidade e carisma.  Com sua cabeleira pouco usual para uma figura de destaque no Japão, mostrou que tinha sensibilidade política, carisma.

No auge do seu prestígio político, teve a sabedoria de não reivindicar um novo mandato, no que seria atendido pela maioria dos seus colegas e adversários políticos, bem como os eleitores japoneses.  O segundo mandato costuma ser mais difícil que o primeiro, pois as expectativas são mais altas.  E os vícios de um governo longo  sempre deixam suas marcas.

Koizumi foi crescendo durante o seu mandato e, apesar de continuar ainda como parlamentar, deixou de participar das novas eleições, tornando-se um cidadão comum, opinando o mínimo sobre política.  Deixou saudades, o que é muito raro entre os recentes políticos asiáticos.

Tive o privilégio de alguns contatos pessoais.  Quando de sua primeira visita ao Brasil, contrariando muitos dos seus assessores, tomou um avião brasileiro da Embraer que providenciamos para visitar uma usina de etanol, onde eu o aguardava retraído.  Sobrevoou de helicóptero um núcleo pioneiro da imigração japonesa, Guatapará, e quando viu os que lá estavam saudando a sua passagem, fez questão de um pouso não previsto.  Era um verdadeiro líder, não um comandado por burocratas.  Arrancou lágrimas.  O que se repetiu em São Paulo, quando relatou sua emoção para a comunidade nipo-brasileira.

Recebeu-nos numa audiência particular, quando acompanhado de um líder da comunicação brasileira, Johnny Saad, um descendente de imigrantes árabes, fomos ajudar a definir o sistema japonês para ser utilizado na televisão brasileira.  Estávamos acompanhados das esposas, e a de Saad é uma descendente de judeus alemães.   Estávamos lá para mostrar, junto com Masato Ninomiya, um japonês que se naturalizou brasileiro, casado com uma descendente de italianos, o que era o Brasil, uma autêntica e saudável miscigenação de etnias.

Renovamos o contato quando, já no final do seu mandato, entregamos o relatório feito por uma comissão de brasileiros e japoneses sobre o intercâmbio esperado para o século XXI.  Para ele e para o presidente Lula da Silva.

Junichiro Koizumi é um marco do intercâmbio entre a Ásia e a América Latina.  Por que não existem outros políticos como ele?



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