Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Bolha Imobiliária na China

18 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , , , ,

Entre os muitos problemas enfrentados pelo crescimento rápido da economia chinesa, muitos estudos apontam uma possível “bolha” que estaria ocorrendo no setor imobiliário daquela economia. Os mais pessimistas apontam a possibilidade de ela ser mais grave que a norte-americana, geradora da recente crise mundial.

Estudos como os publicados no Nikkei pelo professor Takatoshi Ito, da Universidade de Tokyo, com o título “China’s Property Bubble is Worst than it Looks”, mostram o quanto é difícil elaborar um indicador razoável dos preços dos imóveis, com base em algumas experiências como a japonesa e a norte-americana.

Qualquer que seja o indicador, com todas as suas precariedades, parece haver um razoável consenso entre todos os analistas que os preços dos imóveis chineses estão valorizando rapidamente. Isto estimula um “boom” de investimentos no setor. As autoridades parecem conscientes do problema e começam a tomar medidas para que mais créditos bancários não sejam adicionados nestas atividades, dado os riscos existentes.

Deste ponto de vista, parece que os chineses estão mais cuidadosos que os japoneses e norte-americanos. No Japão, o estouro desta “bolha” resultou uma longa estagnação de sua economia que já dura mais de duas décadas. Nos Estados Unidos, abalou todo o sistema financeiro, estendendo suas consequências por todo o mundo, problema que ainda não está totalmente equacionado.

Ainda que medidas creditícias já estejam sendo tomadas, parecem insuficientes para evitar esta bolha. O desejável seria uma maior desaceleração do crescimento da economia chinesa, com a valorização do seu câmbio, coisa que as autoridades daquele país abominam, inclusive no recente National People’s Congress. Eles consideram que um crescimento de 8% ao ano é indispensável para continuar criando emprego para a sua mão de obra, e os dados indicam um atual crescimento superior a este percentual.

As pressões externas sobre as autoridades chinesas pela valorização de sua moeda encontram fortes resistências, e os analistas indicam que isto poderá ocorrer aos poucos, homeopaticamente, mais pelas dificuldades inflacionárias internas.

As autoridades chinesas revelam uma forte confiança que podem contar com a ampliação do mercado interno e interiorização do seu desenvolvimento, que veio ocorrendo mais significativamente na sua faixa litorânea, voltada para a exportação.

Tudo isto demonstra que um crescimento acelerado é sempre de administração muito difícil, mesmo num país que conta somente com um partido político, considerado autoritário pelo Ocidente.



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