Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Compreendendo a Política Econômica Chinesa

6 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Intercâmbios | Tags: | 4 Comentários »

Não é fácil compreender o que acontece na economia chinesa, dada a quantidade de informações divulgadas, que parecem contraditórias aos olhos de muitos ocidentais. Aliás, deve ser difícil até para os chineses, pois os dados não parecem muito uniformes, como acontece em todos os processos de desenvolvimento acelerado, com estatísticas em que nem mesmo eles confiam.

Mesmo numa política econômica de comando centralizado, a grande complexidade de um gigante como a China, com todas as suas diversidades regionais, setoriais, entre empresas nacionais e estrangeiras, diferenças entre classes sociais e pessoas, faz com que seja humanamente impossível ter uma evolução equilibrada, mesmo com a ajuda da informática.

De início, parece razoavelmente consensual que na recente crise mundial a política econômica do governo chinês tenha utilizado muito a expansão do crédito, tanto para a manutenção da demanda dos consumidores, investimentos industriais como na infraestrutura. Como seria de se esperar, ainda que os resultados antirrecessivos tenham sido surpreendentes, pressões inflacionárias surgiram no final do ano passado, e mais fortemente neste início do ano.

No atual National People’s Congress, estabeleceu-se a meta de crescimento de 8% do PIB chinês para este ano. Parece elevado, mas está abaixo do 8,7% de 2009, e o discurso do premier Wen Jiabao expressa uma situação muito complexa e um ano muito difícil para o crescimento.

Convencer a população chinesa de que o crescimento vai se desacelerar, com restrições de crédito, é uma tarefa difícil, ainda que o regime seja autoritário, pelos padrões ocidentais. Apesar da forte pressão mundial pela valorização do seu Yuan, o mais razoável é que vai continuar atrelado ao dólar norte-americano, mantendo uma razoável estabilidade.

Os mais qualificados analistas indicam que se houver alguma desvalorização, ela vai decorrer mais das pressões inflacionárias que das provenientes dos seus parceiros comerciais. É preciso entender que a China é hoje a principal parceira comercial de muitos países relevantes, inclusive dos Estados Unidos, do Japão e até do Brasil. E continua sendo um dos principais credores dos norte-americanos, bem como de muitos outros povos.

É evidente que as autoridades chinesas procuram interiorizar o desenvolvimento industrial que ocorreu nas regiões mais próximas do litoral. E acabam de anunciar restrições às migrações. Muitos não entendem é que a agricultura chinesa passa por um elevado aumento de sua eficiência, liberando muita mão de obra, como em qualquer processo de desenvolvimento.

O surpreendente preparo da mão de obra qualificada, como de engenheiros e pesquisadores de todos os setores, deixa claro que os que pensarem que o desenvolvimento chinês vai entrar num forte processo de desaceleração podem estar enganados. Dificuldades eles enfrentam, mas contam com todas as condições para continuar elevando a sua participação na economia mundial, reduzindo o espaço dos demais países e com medidas de melhoria do meio ambiente.

Não adianta reclamar dos chineses, é preciso adotar medidas objetivas e concretas para competir com eles, com os indianos e demais asiáticos que vêm seguindo passos semelhantes. Acima de tudo, os ocidentais e principalmente os sul-americanos precisam elevar a sua poupança interna, dependendo menos dos recursos externos para financiar os investimentos indispensáveis.


4 Comentários para “Compreendendo a Política Econômica Chinesa”

  1. lourena bispo dos santos
    1  escreveu às 11:20 em 11 de junho de 2013:

    Muito legal, parabéns.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 17:30 em 11 de junho de 2013:

    Cara Lourena Bispo dos Santos,

    Obrigado pelo uso do site.

    Paulo Yokota

  3. Mateus Cidrack
    3  escreveu às 18:33 em 23 de junho de 2013:

    Muito bom 😀 ajudou muito para minhas provas finais!

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 17:13 em 24 de junho de 2013:

    Caro Mateus Cidrack,

    Muito obrigado, continue estudando tanto via este site como outras fontes, principalmente livros.

    Paulo Yokota


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