Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Explicando Um Pouco do Brasil Acre (2)

15 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , | 4 Comentários »

acre O Estado do Acre, parte da Amazônia e da dimensão do Estado de São Paulo, chama a atenção por não contar com nenhuma pedra ou mesmo pedregulho, e para a construção de suas estradas é preciso transportar cascalhos por mais de 1.000 quilômetros. Todo o Estado é de barro ou areia, e sua capital, Rio Branco, é pavimentada por tijolos.

Acre originalmente foi um Território Federal e faz parte do Brasil em decorrência de um acordo diplomático, tendo feito parte da Bolívia, do Peru e o que é pouco conhecido, mesmo dos livros didáticos, de outro país independente que lá existiu por pouco tempo, chamado Plácido de Castro.

Como é da tradição da diplomacia brasileira, estas terras disputadas por países vizinhos foram negociadas pelo Barão do Rio Branco, então ministro das Relações Exteriores. Para tanto, contribuíram a elevada presença de pioneiros seringueiros brasileiros que migraram do Nordeste e se mantiveram nesta região, apesar da adversidade local.

Os títulos de terras rurais legítimos, originários da Bolívia, do Peru e de Plácido de Castro, são oficialmente reconhecidos pelas autoridades brasileiras, por intermédio do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, do qual fui presidente, e pelo Judiciário brasileiro.

Por ter sido assim formado, o seu território não obedece à lógica geográfica, e todos os seus rios correm em direção ao Estado do Amazonas. Assim, é extremamente difícil ir de Rio Branco, a capital, para Cruzeiro do Sul, a grande cidade a Oeste do Estado, a não ser por via aérea.

Fluvialmente, é preciso descer até o Estado do Amazonas para tomar outro rio, no período das cheias. A precipitação pluviométrica é elevada, e algumas chuvas aparentam o dilúvio, concentradas em curtos períodos. Estradas construídas são levadas pelas enxurradas, transformando-se em rios no período das cheias.

O extrativismo predominante no Estado não é suficiente para promover o desenvolvimento social de sua população, o que leva a exploração de suas madeiras e a pecuária, que conseguem se manter em regiões distantes.

Formas que combinam a coexistência destas atividades, com a introdução paulatina das tradições extrativistas, com explorações comerciais cultivadas, são desafios a serem enfrentados e que encontram resistências de toda a ordem, muitos de fundo ideológico.


4 Comentários para “Explicando Um Pouco do Brasil Acre (2)”

  1. junior
    1  escreveu às 19:00 em 16 de março de 2010:

    Não conheço pessoalmente até a Cidade de Cruzeiro do Sul, mas acompanho todos relatos sobre essa região. É uma pena que os nossos politicos ainda não atentaram para a viabilidade de construção de uma ferrovia interleigando a região. Espero ainda conhecer todos esses locais de perto, mas vejo que ficará só no sonho, sair de onde moro para sofrer nestas estradas ruim não vou.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 09:31 em 17 de março de 2010:

    Caro Junior,

    Esteja certo, mesmo com todas as limitações, que conhecer todo o Brasil, até o Acre, vale a pena. É uma região que chove muito, e intensamente, num período do ano. Como expliquei, não contando com pedras em todo o Estado, é difícil construir ferrrovias, pois elas só seriam viáveis sem contar com volumes expressivos de cargas. As chuvas torrenciais destroem até as rodovias. Ainda assim, brasileiros patriotas lá vivem, e mantem como parte do território nacional.

    Paulo Yokota

  3. ACREANO
    3  escreveu às 08:09 em 17 de março de 2010:

    Será mesmo que os rios que cortam o Acre correm para o Estado do Amazonas porque ele começou como um território descoberto por Plácido de Castro e negociado por Barão do Rio Branco ou será que essa realidade geográfica ocorre porque os rios amazônicos geralmente nascem nos Andes e têm que, inevitavelmente correr para o lado mais próximo ao nível do mar?

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 09:37 em 17 de março de 2010:

    Caro Acreano,

    Muitos rios amazônicos nascem nos Andes, mas não é somente lá. Existe uma ampla área que chamamos Escudo Amazônico, que é constituido de limirtes com outras bacias, como a do Prata. Os rios, evidentemente, correm para as áreas mais baixas, e o Estado do Amazonas tem menos altitude que o Acre, fazendo com que todos os rios acreanos corram em direção a este Estado vizinho.

    Paulo Yokota


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