Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Inteligência Emocional: Capacidade de se Adaptar

4 de março de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Cultura, Depoimentos | Tags: , , , , , | 2 Comentários »

Indivíduos crescidos entre duas ou mais culturas distintas  –  como os filhos de imigrantes, diplomatas ou funcionários de carreira –  possuem capacidade maior de se adaptar a novas situações de desafios com muito mais desenvoltura e aptidão.

Nipo-brasileiros bilíngues, que fazem intercâmbio de estudos ou home-stays em comunidades do exterior para adquirirem fluência em uma terceira ou quarta língua, não raro passam pela experiência de ver como a sua postura pode provocar reações entre a população local, que fica intrigada com a orientalidade despojada e irreverente deles, e só  vem a compreender essa diferença quando é informada de que se trata de descendentes de japoneses nascidos, criados e formados no Brasil.

Ah bon, é a mélange do sambá com a flor da cerejeira, c’est génial”, se admiram os franceses, que ficam encantados com a alegria de viver, o jogo de cintura e a enorme diversidade étnico-cultural brasileira.

O fato de falar duas línguas tão distintas em fonética, morfologia ou sintaxe como a portuguesa de origem indo-europeia e a japonesa derivada do sino-tibetano-coreano, capacita os órgãos da fala e da audição a absorver com flexibilidade as nuances de outras línguas. Essa flexibilidade ajuda muito também na hora de  se adaptar, sem grandes choques ou traumas, a outras culturas.  Lembrando ainda que aprender ou falar diferentes línguas ativam fortemente os neurônios, deixando-os em permanente estado de sinapses.

Longe se vão os dias da infância em que nos sentíamos peixes fora d’água, em cidades do interior do estado São Paulo  nos  anos pós- Guerra, quando detestávamos ser filhos de japoneses, marginalizados e incompreendidos.  Logo nos daríamos conta, porém, de quão privilegiados éramos por ser-nos dado herdar os legados de duas culturas antípodas e ainda tirar proveito dos valores que estas duas culturas oferecem.

Os filhos dos assim chamados “dekasseguis”, mesmo que possam enfrentar desafios de readaptação ao retornarem ao Brasil, devem se considerar abençoados: voltam com horizontes ampliados, muitos bilíngues fluentes, mais preparados para absorver as diversidades culturais que o mundo globalizado vem impondo às gerações vindouras.  Não têm que se sentir inadaptados, achando que os anos passados além-mar foram tempo perdido, acabando por relegar a cultura desse país.   Têm mais é que cultivar e aperfeiçoar continuamente as duas culturas, e, tirando proveito da flexibilidade adquirida, procurar incorporar mais uma língua ou mais outra.  Os neurônios só agradeceriam.

Inteligência emocional é saber vencer os desafios de se adaptar a situações adversas e extrair disso a sua diferença e vantagem.  Fazer do limão uma limonada, como bem esclarece Paulo Yokota.


2 Comentários para “Inteligência Emocional: Capacidade de se Adaptar”

  1. Jaime Pereira da Silva
    1  escreveu às 08:58 em 5 de março de 2010:

    Realmente, a globalização ainda está só no começo da sua história. Fico imaginando o dia em que os transportes ficarão ainda mais velozes, propiciando-nos estar em vários países no mesmo dia. Apesar disso, é muito importante preservar as diferentes culturas, idiomas, etc. Diversidade significa riqueza. Que a globalização não se transforme em globarbarização e nem uniformize os povos do mundo. Que apenas os enriqueça.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 15:59 em 5 de março de 2010:

    Caro Jaime Pereira da Silva,

    Ainda que o mundo se globalize, estas diferenças continuarão a existir, pois os seres humanos respeitam os relacionamentos pessoais, não são números ou coisas. A antropologia proporciona muitos estudos que demonstram que temos uma tendência tribal, e ainda que o mundo se torne uma aldeia global, sempre tenderemos à respeitar relações familiares e de amizade, graças a Deus.

    Paulo Yokota


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