Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Intercâmbio Gastronômico da Ásia com a América do Sul

30 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Gastronomia | Tags: , , , , , , , , ,

É muito difícil de esclarecer quando começou o intercâmbio gastronômico entre a Ásia e a América do Sul. Que os portugueses trouxeram para a Europa e para as Américas muitos dos produtos que conheceram na Ásia, não há dúvidas.

Que os incas contribuíram para eliminar as fomes na Europa e de lá se transmitiu para a Ásia muitos produtos como a batata, o milho e a mandioca, também parece tranquilo. Quando uma equipe de Shojin Ryori visita o Brasil, estas memórias são reativadas, mas não se sabe exatamente como chegaram a cada lugar, originárias de outras paragens.

Por exemplo, os asiáticos se impressionam quando veem que países sul-americanos são exportadores de gergelim e gengibre. Será que não foram os árabes que trouxeram o que se costuma atribuir aos imigrantes japoneses? E o caqui, que muitos entendem como chineses e japoneses, não foram os portugueses que para cá trouxeram? Monja Coen explicou que o chá era usado nos mosteiros chineses quando surgiu o Zen Budismo, com o zazem.

O fato concreto é que a globalização que hoje se acelera já teve fases no passado começando pela Rota da Seda, quando os chineses negociavam com os fenícios, com os portugueses singrando pelos sete mares. O intercâmbio sempre existiu, com maior ou menor intensidade, nada foi inventado de novo.

O chef Toshio Tanahashi impressionou-se com o pão de queijo, mas lá no Japão já virou produto de consumo popular, produzido pela Meiji, com mandioca tailandesa e queijo australiano, e os brasileiros ficaram somente com o nome. O chef Shinya Koike mostrou que é possível produzir Shojin Ryori com produtos brasileiros como a mandioquinha, jambo, e uma série de produtos amazônicos ou nordestinos.

Tanahashi mostrou que é possível produzir um dos pratos mais apreciados nesta temporada, usando frutas brasileiras como o caqui, a maçã e a uva, combinada com massas de gergelim, missô, shoyu, mostarda e outros ingredientes.

E Alex Atala brindou os japoneses e chefs brasileiros com pratos utilizando o arroz preto, o alho preto, tubérculos medicinais amazônicos e uma infinidade de ingredientes que está no seu novo cardápio vegetariano.

Uma festa para os apreciadores da boa cozinha, saudável, criativa, sempre permitindo uma releitura do existente há séculos, como se os chefs que se tornaram famosos em Barcelona não tenham bebido da desestruturação que chineses e japoneses já faziam quando os europeus ainda eram bárbaros.



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