Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Lições do Passado

12 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: ,

Uma das poucas vantagens dos mais veteranos é conhecer um pouco mais do passado. Observando os absurdos que são divulgados hoje por meus colegas economistas brasileiros, principalmente os ligados aos interesses do setor financeiro, cada vez mais me lembro da Joan Robinson. É preciso estudar economia para não ser enganado pelos economistas.

Está se generalizando uma onda que considera inevitável a elevação dos juros no Brasil, em decorrência das pressões inflacionárias que começam a aparecer, alegam muitos.

Vamos observar com um pouco mais de cuidado o que vem acontecendo. SEMPRE ocorreu no começo do ano um aumento de preços que chegou a ser chamado de Gregoriano, pois a mudança do ano é utilizada como uma desculpa para o reajuste de alguns preços, haja ou não justificativa para isso, tanto da demanda como dos custos.

Todos os economistas sensatos SABEM que existe uma acidentalidade, e que na maioria dos países estes efeitos são EXPURGADOS, ainda que esta tenha se tornado um palavrão entre os brasileiros, como se os assalariados fossem prejudicados por um índice de elevação de preço. Inflação é um PROCESSO DE CONSTANTE elevação de preços, que acaba alimentando os aumentos de salários e de matérias-primas, num círculo vicioso. EVENTUAIS aumentos de preços são contornados por muitos consumidores, como a falta de folhas para saladas em decorrência das chuvas, que substituem os de preços altos por outros produtos, o que não acontece nos ÍNDICES. O mecanismo de preços funciona.

Alguns economistas mais sofisticados alegam que os preços dos chamados “tradebles”, ou sejam, os que são objetos de comércio internacional, estão subindo. Observem que muitos já estão caindo, pois a recuperação da economia mundial não é tão brilhante, e até países que estão puxando o resto do mundo, como a China, já tomam medidas para a desaceleração do seu crescimento, por falta de demanda interna e externa. Vai haver um excesso de muitos produtos como o aço, cujos preços tendem a cair no mercado internacional no futuro próximo. As energias já estão sobrando no mercado, e passado o inverno do Hemisfério Norte, como todos se engajaram na produção interna de energias e sua economia para evitar a importação, só por mágica os preços não vão cair.

Até o FMI está recomendando que não se utilize os exagerados fluxos financeiros internacionais para financiar as necessidades de investimentos, pois são MEROS ESPECULADORES, e vão acabar saindo na mesma velocidade que estão entrando, somente para aproveitar os JUROS BRASILEIROS e uma evidente bolha que existe nas bolsas.

Hoje, os economistas sabem que somos mais movidos pela emoção, um comportamento de manada, que pela razão. Principalmente neste mercado financeiro onde tudo é feito “on time”, muitas vezes por computadores programados, e os prejuízos finais ficarão com as “viúvas de Taubaté” ou dos jovens afoitos que pensam poder enriquecer sem trabalhar, mas vão aprender, às duras penas: a banca sempre ganha nos cassinos.



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