Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Preocupações Com os Recursos Humanos

17 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

Sempre existem as honrosas exceções, mas observando os melhores recursos humanos, os empresários mais ativos e as lideranças políticas da América do Sul e da Ásia não é possível deixar de se preocupar com o que está acontecendo.

As generalizações são sempre perigosas, mas parece que muitos dos melhores estudantes sul-americanos que efetuam bons cursos de pós-graduação no exterior acabam sem condições de desenvolver no seu país de origem todas as suas potencialidades. Muitos acabam trabalhando em instituições de ensino e pesquisa no exterior, fenômeno que está se reduzindo na Ásia.

Ainda que brilhantes empresários brasileiros continuem enfatizando que a América do Sul apresenta grandes potencialidades, alguns estão obtendo expressivos resultados em outras regiões do mundo com produções, discretamente, sem a procura de holofotes. Diferentes dos daqui, que estão se especializando em fazer fortunas com meras fusões, incorporações, lançamentos de papéis no mercado, aproveitamento do controle de jazidas, e outras “mágicas” que impressionam a opinião pública. Criação de emprego e bens físicos parecem raros.

Muitas críticas, a maioria justa, são formuladas ao sistema opaco de seleção de lideranças políticas na Ásia. Mas muitos países, como a China, estão preparando quadros qualificados, com treinamento no exterior, que estão pensando os seus graves problemas, com uma visão de prazo mais longo. A Índia sempre contou com uma elite treinada na Inglaterra, que está conseguindo resultados interessantes, ampliando suas atividades pelo mundo.

Todos reconhecem que o Brasil e a América do Sul possuem potencialidades, algumas que estão se tornando realidades. Mas muitos dirigentes políticos parecem estar se perdendo no populismo, sem uma visão de longo prazo.

Algumas decisões cruciais estão sendo enfocadas, considerando somente o curto prazo, o lucro financeiro, sem pensar na estrutura industrial futura, que já foi uma das mais diversificadas dos países de nível de renda semelhante. Não estamos conseguindo realizar as reformas indispensáveis, e nos perdemos nas disputas pelo poder, sem conseguir elaborar um consenso razoável do que seria o nosso projeto nacional de longo prazo.

Estamos nos conformando com performances modestas, que estão nos distanciando de outros países que estavam, há algumas décadas, nos mesmos padrões que os nossos. Quando temos todas as condições para resultados equivalentes ou superiores.

As eleições devem ser uma oportunidade para debates mais relevantes, das coisas importantes que ainda nos faltam e como pretendemos resolvê-las.



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