Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Visita do Presidente Hu Jintao ao Brasil

8 de abril de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Intercâmbios | Tags: , ,

lula e hu jintao

Luiz Inácio Lula da Silva é recebido por Hu Jintao durante sua visita à China em 19 de maio de 2009 Foto de Pool / Getty Images AsiaPac

A visita do presidente da China, Hu Jintao, ao Brasil é reconhecida como de importância máxima, tanto pelo papel que aquele país tem hoje no cenário internacional como pelo rápido desenvolvimento que vem registrando nos últimos anos. Passou a ser a economia mais influente na recuperação mundial e a maior parceira das principais economias de todo o universo, inclusive do Brasil.

Ainda que os acordos bilaterais não estabeleçam metas, os mecanismos de acompanhamento que serão instituídos prometem um forte intercâmbio comercial, como de investimentos e até tecnológicos. Mas é preciso que se tenha consciência de que se trata de um país de tradição de muitos milênios, com uma das culturas comerciais mais apuradas, onde todo o seu peso é plenamente utilizado na defesa dos seus interesses. Enquanto a história brasileira é muito recente quando comparada a deles.

Costuma-se dizer que a China é ótima para os chineses e mesmo as empresas com longa tradição de operações internacionais não têm conseguido resultados positivos naquele país. O Brasil só tem poucas décadas de operações comerciais com a economia chinesa, quando elas eram ainda de dimensões comparáveis. Hoje, as cifras apresentam diferenças sensíveis, mesmo que a performance brasileira não esteja muito fora da média do resto do mundo.

É ilusório imaginar que a China tenha qualquer sentimento de cooperação na sua verdadeira acepção, ou seja, a de efetuar qualquer operação concessional. Qualquer financiamento ou investimento terá a finalidade de obter o máximo resultado possível para a China, cujos interesses defenderão com todo o empenho. Se isto resultar em beneficio do Brasil, ótimo.

A perspectiva chinesa é de longo prazo. Deve-se lembrar das lições deixadas por Joseph Needhan, um dos estudiosos mais profundos da história e ciência da China. Os negociadores brasileiros precisam ter a clarividência de que estão lidando com profissionais de primeira linha, preparados internacionalmente e que vieram aperfeiçoando as suas técnicas comerciais deste a época da Rota da Seda, quando os chineses já negociavam com os antigos fenícios. São os melhores comerciantes do mundo e têm consciência disso.

Eles são implacáveis, treinados, possuem toda a sorte de informações sobre o Brasil e seus concorrentes, mestres em estratégias e táticas. Faz parte de sua cultura o que de melhor se conhece sobre o assunto em todo o mundo, desde a antiguidade, quando o Brasil ainda nem existia.

Consideram-se o País do Meio, o centro do universo e assim se comportam, mesmo com toda a diplomacia e gentileza. O Brasil ainda é uma criança diante de uma China sábia e madura. Devemos ter a humildade de reconhecer este duro fato se desejamos defender os nossos mais legítimos interesses, baseados nos patrimônios que a natureza nos concedeu.

Vai ser o encontro de dois gigantes emergentes. Mas devemos encarar como uma luta de David e Golias.



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