Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Diferenças Nas Formas de Atuação dos Asiáticos

19 de abril de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Integração | Tags: ,

Todos reconhecem que o Brasil passou a ser objeto de interesse de diversos países estrangeiros, com destaque para os asiáticos. As reuniões, como a dos BRIC, foram aproveitadas para concretizar alguns projetos chineses no Brasil, além das manifestações diplomáticas de algumas atuações conjuntas nos fóruns mundiais.

Nota-se, no entanto, que estas oportunidades estão sendo aproveitadas com estilos diferentes. Os chineses se mostraram mais agressivos e os hindus mais discretos, enquanto, paralelamente, os japoneses atuaram para consolidar muitos entendimentos que estão na pauta bilateral.

É o que o jornal Valor Econômico ressalta hoje, com matéria do jornalista Sergio Leo, “Com projetos bilionários, japoneses reagem ao avanço da China no Brasil”. Outro artigo tem o título “Entidades financeiras do Japão querem oferecer linhas de crédito para parcerias”.

Todos sabem que os chineses estão interessados em assegurar o fornecimento de matérias-primas brasileiras, tanto de petróleo como de minérios. E entraram numa fase em que efetuarão investimentos e financiamentos visando à consolidação deste intercâmbio. E possuem capacidade para tanto, mas os projetos ainda terão que ser detalhados.

Os japoneses já manifestaram estes interesses no passado, e continuam encontrando dificuldades para implementar alguns projetos, quando as discussões passam para os detalhes. Os que se relacionam com grandes organizações, como a Petrobras e a Vale, as dificuldades parecem menores, pois os japoneses consideram os riscos razoáveis.

A soma dos montantes já financiados pelo JBIC – Japan Bank for International Cooperation são impressionantes, mas só é do conhecimento de especialistas, pouco da opinião pública em geral. Nota-se que os japoneses continuam discretos nestes aspectos, não se preocupando com a criação de uma opinião pública que auxilie as autoridades a tomar partido nos projetos realizados em conjunto com eles. Nem todos os projetos realizados bilateralmente com os japoneses têm resultado em expressivo aumento do intercâmbio comercial entre os dois países.

Fica-se com a impressão de que os japoneses pouco se preocupam com os aspectos políticos, que podem ser alterados no futuro, ainda que de forma não drástica. As tendências pendulares, que são comuns nas mudanças de administrações, são frequentes, mesmo quando se trata de continuidade. Todos os dirigentes necessitam deixar suas marcas diferenciadas e, em muitos casos, isto tem ocorrido com a negação de aspectos relevantes das administrações anteriores.

O recente episódio dos problemas enfrentados pela Toyota deveriam ter aumentado a preocupação com o maior enraizamento com os interesses locais, para enfrentarem conjunturas desfavoráveis que são normais nas evoluções das economias.



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