Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Efeitos da Política Econômica

8 de abril de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

As informações vindas do Japão dão conta que o nível de confiança dos proprietários de lojas, motoristas de táxis e outras pessoas consideradas indicadores precedentes do que vai acontecer na economia melhorou pelo quarto mês consecutivo. Como é do conhecimento geral, o Japão figurava entre os países onde a recuperação da recessão era mais difícil, por adotar uma política mais conservadora.

Medidas tomadas pelo governo, como a redução de impostos sobre veículos e residências menos poluentes, melhoraram os indicadores de famílias, empresas e emprego. Não se trata ainda de completa recuperação, mas indicações de que a melhoria começou. O crédito, no Japão, cujo Banco Central mantém o indicador básico ao nível de 0,1%, não parece o instrumento para estimular a economia.

De outro lado, alguns países asiáticos, como o Vietnã, apresentam sinais de aumento das pressões inflacionárias diante da política econômica de recuperação adotada, mas mesmo assim as autoridades monetárias ainda não tomam medidas restritivas, pois considera o emprego mais relevante.

No caso brasileiro, apesar do início do ano mais ativo, já aparecem os sinais que o ritmo da recuperação não se mostra tão ativo, como no setor dos imóveis. Mas as autoridades e o sistema financeiro são relativamente lentos no uso de indicadores antecedentes. Antecipam elevadas possibilidades de alta da taxa de juros, quando a inflação já dá os primeiros sinais de redução, pois os indicadores foram afetados por fatores climáticos, que não dependem das medidas monetárias. Uma elevação de juros deve abortar a recuperação que ainda é modesta, quando considerada a capacidade produtiva nacional.

Há, ainda, um exagero nas tentativas de elevação dos preços, como no caso dos minérios, como se a economia global já estivesse em pleno desenvolvimento, sem as muitas incertezas que ainda persistem.

Estes eventos fortuitos, como a seca que assola a China, acabando por elevar o preço de algumas commodities agrícolas, não devem ser considerados como tendências de longo prazo da economia. Os chineses estão tentando ativar seu mercado interno, certos de que não podem contar com a demanda internacional mais estimulante. Com a capacidade de produção que já possuem, é natural que alguns dos seus produtos industriais pressionem o mercado internacional, fazendo com que seus preços tendam para baixo.

Estudos mais recentes e atualizados indicam que o câmbio chinês é menos relevante que muitos atribuíam às agressivas conquistas dos mercados internacionais.

Tudo isto indica que a política monetária brasileira não pode continuar tão conservadora, o que só beneficia o setor financeiro.



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