Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Suplemento de O Estado Sobre a Índia

29 de abril de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , ,

Sempre é interessante notar que os sul-americanos, notadamente os brasileiros, estão mais curiosos sobre o que é realmente este gigante asiático, a Índia, e suas verdadeiras características. O jornalista Jamil Chade, enviado para aquele país, elaborou importantes artigos que foram complementados por outros mais técnicos pelo suplemento especial de O Estado de S.Paulo.

É natural que os seus aspectos exóticos continuem sendo as atrações maiores, ainda que estejam permeados de indícios das mudanças importantes que ocorrem naquele país, ameaçando a ocupar o terceiro lugar em importância econômica no mundo. Certamente, os contrastes entre os ricos e pobres são grandes, mas o que vem chamando a atenção é a incorporação de uma grande parcela da sua população no mercado globalizado.

Temos dificuldades para entender como um país como a Índia, que aparece na nossa memória com uma nação pobre, conta com recursos humanos mais preparados que o Brasil, suas empresas estão mais presentes no cenário internacional e conta com uma classe média sete vezes maior que a brasileira.

Devemos nos impressionar com suas qualidades, que continuam proporcionando condições para manter um crescimento econômico superior a brasileira, sem pressões inflacionárias, juros mais modestos e impostos mais baixos. Que eles estão sobrecarregados de problemas, com a sua gigantesca população, ninguém deve ter dúvidas, mas estão melhorando o padrão de vida, com todas as dificuldades que enfrentam.

Certamente seus problemas étnicos, religiosos, com seus vizinhos, não são desprezíveis. Mas o fato concreto é que vem mantendo uma performance superior a brasileira há muitos anos, e contam com boas perspectivas, mesmo não contando com a riqueza de recursos naturais que temos.

A Índia possui uma especial habilidade para atender as necessidades daqueles que estão ingressando no mercado, tendo condições de adquirir produtos que não de grande luxo.

Tudo isto deveria nos levar a profundas reflexões para considerar as causas que limitam as elevações de nossas eficiências, levando a procura de políticas que nos proporcionem melhores resultados. Não basta ficarmos alardeando que temos melhores condições, mas procurar formas para que elas sejam aproveitadas, tanto pelas nossas iniciativas como com ajudas externas.

O intercâmbio brasileiro com a Índia continua baixo, e o nosso conhecimento recíproco ainda é modesto. Sabendo que os BRICs são meras aglomerações de países emergentes de grandes dimensões geográficas, temos que descobrir onde estão os setores e projetos bilaterais, onde podemos aproveitar as nossas qualidades recíprocas em proveito de ambos os povos.

Vamos tentar fugir da tentação de ressaltar os nossos aspectos exóticos, que também são importantes, mas descobrir no que podemos trabalhar juntos, primeiro para benefício dos nossos povos, e se possível para a humanidade. Temos muito que aprender reciprocamente.



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