Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Complexidades dos Controles Nucleares

27 de maio de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

A humanidade possui pontos de vistas diferentes que precisam ser acomodados para uma convivência difícil, mas possível, que exige muita atividade diplomática. Hoje, os detentores de armamentos atômicos tentam evitar a sua disseminação, achando que eles são éticos e os demais podem se descontrolar. Os casos da Coreia do Norte e do Irã dão dramáticas mostras destas complexidades.

Ainda que a Coreia do Norte seja um dos países mais atrasados na Ásia, tanto política como economicamente, que enfrenta dificuldades para a alimentação da sua própria população, os seus dirigentes desenvolveram o seu programa atômico com objetivos militares, e hoje fazem parte do clube dos que representam elevados riscos. E podem desestabilizar toda a Ásia se medidas diplomáticas eficazes não forem tomadas.

O Irã, dominado recentemente por uma radical orientação político-religiosa, detém uma reserva petrolífera respeitável. Além dos seus objetivos de uso pacífico da energia atômica, é considerado por muitos países como um daqueles que desejam ingressar neste clube restrito, desequilibrando o precário equilíbrio do Oriente Médio.

Infelizmente, antes que o mundo decidisse evitar a disseminação dos conhecimentos atômicos, países pouco desenvolvidos político e economicamente conseguiram avançar neste setor específico, e hoje são tratados de forma diferenciada. Outros não conseguiram, ou optaram por não possuírem armamentos atômicos, e são considerados, lamentavelmente, como se fossem potências de segunda categoria.

No caso da Coreia do Norte, se a China adotar uma orientação restritiva de suprimento daquele país, o fôlego para a sua resistência é baixa, pois não conta com condições para melhor aproveitamento dos seus recursos minerais que são bem mais expressivos que na parte Sul daquela península. As pressões diplomáticas, se forem conduzidas com habilidade, podem acabar resolvendo o problema, com uma solução que satisfaça, no mínimo, as grandes potências sem maiores prejuízos.

Já no Irã, as próprias contradições internas das grandes potências, que ficam claras pela divulgação recente da correspondência como a de Barack Obama para Lula da Silva, mostram que mesmo alguns líderes não conseguem acomodar sequer as variadas posições dentro do seu próprio país, que conta, infelizmente, com seus radicais.

O poder no mundo está se diversificando, fazendo com que países emergentes adquiram maior peso. Esta transição é complexa, mas terá que ser feita, para permitir uma convivência mais aceitável por todos. Um pouco menos de retórica e um pouco mais e pragmatismo poderia contribuir para uma solução aceitável por todos, que nunca será fácil.

Mas necessitamos sermos otimistas, acreditando existir entre os seres humanos um instinto de sobrevivência, fazendo que os grupos mais radicais continuem sendo minorias controláveis.



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