Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Crescimento da Economia Brasileira

31 de maio de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , , ,

O caminho sempre mais fácil de recuperação ou de aceleração do crescimento de uma economia foi a expansão da construção civil, utilizando muita mão de obra de baixa qualificação, com o risco de provocar uma “bolha”. Isto ocorre hoje na China como no Brasil, e ocorreu nos Estados Unidos, acabando por provocar a crise hoje enfrentada pelo mundo. Precisamos escapar desta armadilha.

O Brasil tem todas as condições para fugir dela, pois sua infraestrutura está relativamente defasada, quando considerada a economia como um todo, ansiosa por crescer mais rapidamente. A sua melhoria provoca uma sensível melhoria de sua eficiência, e todos os recursos disponíveis devem ser mobilizados para este objetivo.

Quando uma eleição se aproxima, mesmo que uma das candidatas represente a continuidade da atual administração federal, é sempre uma oportunidade para discutir uma estratégia mínima para um programa a ser implementado nos próximos anos. O princípio é sempre o melhor aproveitamento dos recursos escassos de que dispõe o país, e o uso dos mais abundantes.

Na própria construção civil, sabendo-se que existe uma legítima aspiração para uma moradia razoável para toda a população, há que se compreender que ela pouco contribui para o aumento da eficácia da economia. No mesmo setor, na medida em que há um atraso relativo da infraestrutura, esta contribui de forma significativa para a melhoria da eficiência de toda a economia. Tanto por melhor interligar as diversas regiões do país como por aumentar a capacidade competitiva com relação ao mundo globalizado.

Todos percebem que o desenvolvimento tecnológico ainda depende fortemente do que vem do exterior. Com a dimensão que atingiu a economia brasileira, as pesquisas para melhoria do aproveitamento local dos recursos naturais disponíveis parecem estratégicas. E o seu começo é pela educação e saúde, que melhora o padrão dos seus recursos humanos.

Os recursos necessários precisam ser disponibilizados por uma melhoria da máquina pública, que emprega muitos e fornece poucos serviços públicos. Ainda que politicamente difícil, a potencialidade para a sua melhoria é enorme, pois todos reconhecem que existe um inchaço na máquina governamental, restringindo a sua agilidade. Uma reforma do setor público é uma prioridade necessária, estancando a ampliação dos privilégios dos empregados governamentais, em todos os três ramos da administração, equiparando os aos do setor privado.

A redução da dependência das poupanças externas, sempre fugidias, parece relevante, principalmente quando não está voltada para a ampliação da capacidade produtiva. Os recursos naturais hoje disponíveis demanda investimentos para o seu melhor aproveitamento local, gerando os empregos necessários e adicionando valores agregados.

A complexidade industrial e os serviços já atingidos pela economia brasileira exigem uma verdadeira mobilização nacional para defesa dos seus interesses, fazendo com que atividades de mais alta tecnologia sofram um verdadeiro salto de qualidade e quantidade. O país já dispõe de forças que podem ser mobilizadas para alcançar padrões que estão sendo atingidos por nossos concorrentes.

As miscigenações de etnias e culturas fomentaram a criatividade brasileira, com uma disposição de trabalho mantendo a peculiar alegria de viver num país essencialmente tropical, invejado pelos estrangeiros.

Anseia-se pela formulação de um programa compreensível, capaz de galvanizar todos pelo ideal de atingir novos patamares de qualidade de vida, sem ficar somente nas exaltações das nossas qualificações. Parece conveniente indicar caminhos práticos para atingir os objetivos que desejamos, utilizando de forma inteligente as condições com que contamos.

Não parece que necessitamos de um planejamento detalhado, mas de diretrizes que orientarão as futuras administrações, com um horizonte mais amplo e ambições mais ousadas.



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