Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Indústrias Japonesas se Transferindo Para a China

23 de maio de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Empresas | Tags: , , | 2 Comentários »

Impressionam as inúmeras notícias sobre indústrias japonesas que estão ampliando suas atividades na China, chegando algumas a se transferir para aquele país, e até serem absorvidas por empresas chinesas. Enquanto o mercado japonês encontra-se estagnado por muitas décadas, a expansão chinesa continua elevada, agora baseada na utilização do imenso potencial do seu mercado interno.

No passado, quando em algumas atividades a mãos de obra intensivas já não suportavam os elevados salários japoneses, estas transferências deveriam estar ocorrendo paulatinamente. Os japoneses temiam que os empregos no Japão rareassem, mas o que ocorre recentemente é que sua população deixou de crescer, e para algumas atividades eles necessitam importar imigrantes temporários do exterior

Estes ajustamentos não são fáceis de serem executados, mas, verificando os meios de comunicação especializados em economia, nota-se que as notícias de investimentos expressivos das empresas japonesas estão ocorrendo no exterior, notadamente nos países asiáticos que lhes são mais próximos.

Também são frequentes as notícias sobre avanços na integração regional como os que ocorrem atualmente envolvendo os três ministros de comércio da China, do Japão e da Coreia do Sul, que prevêem ainda para este ano a conclusões dos acordos de investimentos e intercâmbio.

Na realidade, as sobrevivências de muitas empresas japonesas estão exigindo a tomada de decisões drásticas. Isto não acontece somente no Japão, como alerta Paul Krugman, cujo artigo foi publicado na Folha de S.Paulo, sob o título “EUA não são a Grécia, mas podem virar um Japão”. Algo semelhante vem ocorrendo na Europa.

Os países emergentes, como o Brasil, precisam aproveitar este momento de grandes mudanças mundiais, não para atrair financiamentos especulativos, mas indústrias que agreguem valor para suas matérias-primas minerais e agropecuárias, caminhando para atividades industriais mais avançadas.

O mercado interno ainda comporta expansões, e podem ser alavancas importantes para as exportações, como está ocorrendo em alguns países asiáticos. É preciso, com urgência, que as autoridades tomem consciência que este é o momento para estabelecer uma política industrial mais clara, deixando de ser meramente montadoras de produtos desenvolvidos no exterior.

Se os entendimentos multilaterais no âmbito da OMC – Organização Mundial do Comércio não evoluem, pragmaticamente, temos que acelerar os entendimentos bilaterais, pois o resto do mundo não está parado, esperando o desastre ocorrer.


2 Comentários para “Indústrias Japonesas se Transferindo Para a China”

  1. naomi
    1  escreveu às 11:45 em 24 de maio de 2010:

    A China, por sua vez, está investindo também maciçamente, na África, com empréstimos/financiamentos/e colossal mão de obra de operários chineses, em troca, a longo prazo, de matéria prima mineral e produtos agrícolas – segundo relatam Agnaldo Brito e Raul Juste Lores no Caderno Mercado, Folha de SP, hoje.

    Se a China mirasse a América Latina com esse tipo de “troca” – (isto é, investimentos com contingente de mão de obra chinesa incluida) – seria interessante para o Brasil, na atual conjuntura?

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 09:54 em 24 de maio de 2010:

    Cara Naomi Doy,

    Infelizmente não. Os chineses dispõem de uma grande massa de trabalhadores de baixa qualificação e já propuseram projetos com o uso deste tipo de mão de obra, que concorreriam com os brasileiros, sem contar com o mínimo de proteção como os previdenciários, de saúde e outras conquistas trabalhistas.

    Precisamos entender que a China mais dispõe deste tipo de trabalhadores, e mesmo na África eles sofrem restrições. No caso brasileiro precisamos proteger nossas jazidas, nossas terras cultiváveis e proporcionar trabalho condigno para os brasileiros, cujos desempregados, principalmente de baixa qualificação são muitos.

    Costuma-se dizer que negócios chineses costumam ser somente bons para os chineses, mesmo quando oferecem acesso aos seus mercados, além dos financiamentos.

    Paulo Yokota


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