Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Brasil na Expo Xangai 2010

3 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , , ,

É verdade que o Brasil se esforçou levando autoridades, jornalistas e empresários a Xangai e contou com o forte suporte da Vale, a nossa maior exportadora para a China. Os jornais brasileiros destacaram o evento, mas para as dimensões chinesas os eventos não foram suficientes para despertar uma maior atenção, que merecessem manchetes na imprensa local ou internacional, causando um impacto apreciável.

A presença de empresários chineses interessados no Brasil superou as modestas expectativas dos organizadores e a visita dos brasileiros sempre é proveitosa, devendo provocar efeitos, principalmente para conhecimento do que ocorre naquela economia. Uma Expo 2010 é um evento para atrair visitantes locais, não se destinando a finalidades de intercâmbio econômico e comercial, como já reconhecido oficialmente pela diplomacia brasileira. Tanto que a participação brasileira acabou sendo patrocinada pelo setor privado.

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Alguns salões do Pavilhão Brasileiro na Expo Xangai 2010

Por mais que a China hoje seja importante para o Brasil, ainda não somos conhecidos suficientemente naquele país, a não ser por especialistas. Nas nossas exportações predominam as matérias-primas, e precisamos ter a consciência que ainda somos um parceiro menor, quando considerados os demais asiáticos ou países desenvolvidos. Não temos dúvidas que estamos nos esforçando, e comparado com o passado já avançamos bastante.

Mesmo assim, a China continua somente nos impressionando, e não conseguimos ainda estabelecer um vínculo importante para nós. Os chineses nos conhecem mais pelo nosso futebol, pelo Carnaval e pela Amazônia. Ainda somos reciprocamente pouco conhecidos, e devemos continuar os nossos esforços, pois temos potencialidades para um intercâmbio mais vigoroso.

Mas precisamos estar conscientes da nossa importância relativa para os chineses, e devemos defender radicalmente os nossos interesses, pois eles ainda não são exatamente uma economia de mercado, e suas empresas privadas e estatais sofrem fortes influências governamentais. Os chineses continuam interessados nos suprimentos indispensáveis para a continuidade do desenvolvimento deles, onde o peso dos nossos interesses é considerado de forma modesta. Somos nós que devemos defendê-los, pois os negócios com a China continuam bons para os chineses.

Ainda o seu respeito pelos interesses mundiais continua subordinado aos dos chineses, mesmo nos foros internacionais como a Organização Mundial do Comércio, ou com relação ao câmbio e o equilíbrio comercial mundial. A dimensão atual de sua economia e o ritmo do seu crescimento nos despertam apetites, mas os nossos interesses devem ser colocados no plano superior.

Só devemos apoiar suas atividades quando nos beneficiam, e deixar de fomentar a concorrência deles com os nossos produtos, como vem acontecendo, por exemplo, no setor calçadista. As cópias das nossas inovações devem ser onerosas, e o suprimento de suas poderosas indústrias não deve favorecer a concorrência com os nossos produtos no mercado internacional.

Com todo o respeito à China, devemos exigir também respeito pelos nossos interesses.



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