Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Guignard e o Oriente: China, Japão e Minas

22 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , ,

expos Anuncia-se uma exposição imperdível do artista Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), um dos mais importantes que o Brasil já teve. Um artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo de hoje, de autoria de Camila Molina, refere-se a esta rara exposição que reúne, com a curadoria de Paulo Herkenhoff, um dos acervos mais importantes deste artista consagrado, reunindo cerca de 100 de suas obras, algo inédito no mundo.

O que consta do artigo, que deve estar baseado numa série de estudos sobre a obra deste artista, pode gerar até uma controvérsia, ainda que destaque a influência do Oriente nos seus trabalhos. Os que conhecem algumas das igrejas de Mariana, Minas Gerais, com traços de asiáticos em algumas figuras, atribuem aos jesuítas que trabalharam no Oriente, e vieram para o Brasil, ainda no período colonial. Guignard, com seu período na Europa, deve ter aprofundado a influência da moda da ocasião que se interessava pelas artes japonesas e chinesas.

Deve se lembrar, também, a amizade que o ligou com o artista japonês mais conhecido no Ocidente, que passou períodos em Paris e no Brasil, o Tsuguharu Foujita. Muitos dos mais importantes artistas franceses da época foram influenciados pelas peças de origem asiática, notadamente do Japão e da China, como constam dos seus quadros.

Que mesmo as pinturas de Guignard sobre as paisagens mineiras trazem a lembrança de alguma influência japonesa não se pode duvidar. Só um exame cuidadoso de toda a exposição poderá permitir uma constatação mais clara de todas as influências recebidas, o que cria uma expectativa excitante.

A exposição originou-se com trabalhos preliminares efetuados em Minas Gerais por Priscila Freire, que foi diretora do Museu de Arte de Pampulha, mas certamente foi complementado pelo Instituto Tomie Ohtake.

Pelo que se anuncia, deve ser um dos eventos mais importantes na área de artes plásticas neste ano de 2010, que poderá ser lembrado nos próximos anos. O impressionante é que este intercâmbio entre o Ocidente e o Oriente, mesmo nas artes plásticas, é mais antigo que muitos supõem.



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