Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Estrutura Industrial e Importação da China

8 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

A Folha de S.Paulo, na edição de hoje do seu caderno Mercado, apresenta uma série de artigos da maior importância. Trata-se da desindustrialização que está ocorrendo no Brasil, que tinha uma das estruturas industriais mais sofisticadas considerando o seu nível de renda per capita, e que passou a importar toda a sorte de equipamentos, dos mais simples até os mais sofisticados. Está perdendo a sua competitividade, o que é muito grave para um país que pretende se desenvolver de forma sustentável.

Os empresários brasileiros reclamam do câmbio, da taxa de juros, dos impostos, da insuficiência de infraestrutura, da burocracia, do complexo sistema trabalhista e demais condições que elevaram o que se convencionou chamar de “custo Brasil”, e a economia brasileira que chegou até a exportar equipamentos passou a importá-los, inclusive da China. E como mostra um dos artigos, até equipamentos de ponta. Mas muitas indústrias continuam resistindo.

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Marcelo Cruanes, da Kone: dois terços do faturamento são obtidos com a importação e a venda das máquinas chinesas. Foto: Mastrangelo Reino/Folhapress

Todos sabem que uma economia para se manter atualizada e com tecnologia de ponta necessita efetuar continuamente investimentos. Havendo demanda, as indústrias se preparam para atendê-las, se contarem com condições competitivas. É o que vem acontecendo na China e já aconteceu no Brasil no passado. Quando ela passa por um longo período de baixos investimentos, há uma tendência para desmobilizar os pesquisadores, projetistas e os próprios produtores, que obtêm melhores resultados na medida em que importam de países mais competitivos atualmente.

Não basta contar com períodos de acentuada demanda, pois há necessidade de um tempo para que se prepare para a produção, que na indústria pesada é maior, para se equipar e possibilitar atender estas necessidades. A demanda necessita ser contínua, pois acentuadas flutuações acabam desestimulando investimentos que são pesados e exigem um longo prazo para serem amortizados.

Na medida em que a demanda brasileira de equipamentos pesados apresenta uma perspectiva de expansão a longo prazo, em decorrência da necessidade de modernização da infraestrutura, bem como programas como a exploração do pré-sal, além da ampliação da capacidade produtiva industrial para atender ao desenvolvimento nacional, surgem novas oportunidades para projetos mais ousados.

É preciso reconhecer, no entanto, que hoje os grandes produtores de equipamentos pesados necessitam de suportes governamentais, que vão além das disponibilidades de recursos financeiros em qualquer país do mundo. Uma verdadeira política industrial, que vai desde a pesquisa, mão de obra qualificada, energia, suprimento de matérias-primas, logística adequada.

O Brasil tem todas as condições para tanto, dependendo da vontade das autoridades. O período eleitoral é o mais adequado para que opções sejam colocadas para tanto.



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