Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Investimentos Chineses na Infraestrutura

3 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , ,

Um artigo de Dexter Roberts, do Blomberg Businessweek, publicado hoje no Valor Econômico, chama a atenção para os investimentos públicos locais efetuados em estradas, ferrovias, hidroelétricas, hotéis, centros de convenções, prédios de escritórios e até estádios de futebol. Os recursos teriam sido levantados como empréstimos e nem todos teriam retornos suficientes para os reembolsos desejáveis. Isto não chega a ser uma novidade, pois sempre existiram informações que o governo central repassava estes recursos na forma de empréstimos, até para empresas estatais, que dificilmente seriam honrados.

O que parece relevante é se estes investimentos foram efetuados, e a constatação física é que a maioria foi, talvez sem a eficiência desejada. Mas será que algo semelhante não vem ocorrendo nos chamados regimes capitalistas, provocando crises de confiança como os que afetaram todo o mundo? Muitos destes investimentos, se não apresentam resultados individualmente, no seu conjunto estão provocando uma grande transformação em toda a China. Certamente elevaram a eficiência do conjunto, ainda que alguns possam ser criticados.

Rio Huangpu em Xangai, em foto de Jorge Ferreira

Quem percorre ainda que uma parte desta China gigantesca nota que, em poucos anos, de uma economia agrária passou-se para uma que ganhou importância industrial. Coloca os seus produtos em todos os mercados, dos mais sofisticados como os norte-americanos, europeus e japoneses até dos países emergentes. Acompanha um desenvolvimento dos seus serviços, com uma imigração do campo para as cidades como poucas vezes se viu na história mundial.

Ninguém pode afirmar que não houve desperdícios, e certamente estes e outros empréstimos são meras transferências de recursos, não implicando necessariamente em reembolsos. Algo semelhante não tem ocorrido em todo o sistema bancário mundial, com o perdão de muitos empréstimos, ou os que são considerados perdidos nas suas contabilidades?

Os que se preocupam somente com os aspectos financeiros poderiam prestar maior atenção aos aspectos que se transformaram no mundo real. Com todas as suas dificuldades, milhões de chineses foram incorporados no mercado de trabalho e se tornaram consumidores.

As estradas estão ligando regiões que viviam isoladas, novos prédios passaram a acomodar milhões de chineses que viviam em verdadeiros cortiços, energias alimentam milhares de indústrias estrangeiras e nacionais, portos impressionantes foram construídos, hotéis de categoria internacional recebem turistas e empresários de todo o mundo. Enfim, um quarto da humanidade foi incorporado no mundo globalizado. Tudo isto tem custos? Sem dúvida alguma, e há ainda muito a corrigir, mas os dirigentes chineses devem ser admirados pela visão que tiveram, desde Deng Xiaoping, pois provocaram saltos em algumas décadas, o que outros não conseguiram em séculos.

É verdade que se trata da recuperação de um atraso que vinha deste a Revolução Industrial na Europa, pois até então a China estava na vanguarda do desenvolvimento mundial. Que outros países emergentes consigam o mesmo desenvolvimento, com menores custos políticos e sociais.



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