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Cerâmica Contemporânea para as Cerimônias de Chá

4 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , ,

Todos sabem da importância que os utensílios de cerâmica desempenham nas cerimônias do chá, mas a grande maioria está acostumada a associar com as tradicionais. O Japão, onde a arte da cerâmica continua evoluindo, nada mais interessante que acompanhar as produções mais recentes. Envolvem artistas consagrados, como os chamados “Tesouros Nacionais Vivos”, reconhecidos pelo Imperador daquele país. Eles são assim conhecidos por utilizarem as técnicas mais tradicionais e toda a sua produção costuma ser adquirida pelo poder público para ser expostas nos museus.

O jornal Japan Times publicou um artigo de Robert Yellin referindo-se a uma exposição já tradicional realizada a cada dois anos no Musee Tomo de Tóquio, especializado em cerâmica de alta qualidade, que este ano tem como tema os utensílios inusitados para as cerimônias do chá. Entre os 29 artistas convidados, dois “Tesouros Nacionais Vivos”, Sekisui Ito, mestre do estilo Mumyoi (cerâmica vermelha ocre), e Osamu Suzuki, mestre da 15ª. geração do Raku Kichizaemon (forma de queima Raku), de Quioto.

Obra de Mutsuo Yanigihara. Cortesia do Tomo Musee Obra de Akihiro Maeta_01

Tivemos a oportunidade de visitar diversos ateliês de ceramistas famosos com seus fornos (normalmente o chamado noborigama, ou câmaras em sequência ascendentes), dos diversos tipos de cerâmica existentes no Japão, num programa especial do JICA – Japan International Cooperation Agency, alguns “Tesouros Nacionais Vivos”. Seus trabalhos são valiosos, e todos que não são considerados perfeitos são destruídos pelos artistas, para manter o padrão de qualidade.

Os que aparecem nas fotos que ilustram este artigo, dois exemplos excepcionais. A simples descrição das muitas peças expostas nos desperta profundas invejas daqueles que podem ter o privilégio de percorrer este museu, em Tóquio.

É uma demonstração que a criatividade destes artistas supera os limites de uma arte que possui padrões estabelecidos pela longa tradição das cerimônias do chá, cheias de regras rígidas. Já informamos que tais cerimônias são destinadas à profunda introspecção, uma parte destinada à apreciação das obras de arte dos artistas ceramistas. Como no ato de girar a cerâmica que contem o matchá, para apreciar a obra.

Antes do início da queima das cerâmicas, costuma haver uma cerimônia “xintoista”, onde os artistas oram aos deuses, informando que tudo que era possível para os humanos foi feito. Agora, as peças passam para as mãos divinas, que pela ação do fogo vai determinar o resultado final deste trabalho.



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