Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Identidades e Diferenças na Ásia

26 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , , ,

Até jornalistas brasileiros residentes no Japão por muitos anos, como Angelo Ishii, têm dificuldades de entender algumas reações que ocorrem entre os japoneses, como consta do seu artigo publicado hoje no suplemento Ilustríssima da Folha de S.Paulo. Ele informa sobre o tsunami coreano que está ocorrendo no Japão a partir da novela transmitida pela NHK japonesa em 2003. Os que conhecem os japoneses achavam que havia pouca simpatia deles com os coreanos, mas o sucesso obtido pelos ídolos daquele país, como Park Young Ha, principalmente entre as senhoras balzaquianas, surpreendeu a todos. O fenômeno continua, numa cerimônia em sua memória, pois ele se suicidou recentemente. Reuniram-se 15.000 pessoas, mostrando que para uma parcela expressiva da população japonesa as restrições que vinham desde a ocupação da Coreia pelo Japão estão superadas.

Mas, de outro lado, as disputas territoriais sobre uma ilha entre o Japão e a China, com a apreensão de um barco pesqueiro e sua tripulação, geraram entre os chineses uma forte reação. Mesmo depois da devolução de sua tripulação, inclusive do seu comandante, mantida pelo judiciário japonês, foram exigidas pelas autoridades da China pedidos de desculpas oficiais, provocando conflitos que podem dificultar os relacionamentos entre os dois países.

Park Young Ha

Tudo indica que a integração de países do Extremo Oriente. como a China, a Coreia e o Japão vão acabar ocorrendo, do ponto de vista econômico, gerando algo similar com a comunidade europeia, apesar das diferenças de identidades que continuarão preservadas.

Guerras e incidentes do passado, além da própria rivalidade natural, dificultam o acelerado processo de integração, mas o sucesso que os coreanos estão obtendo no Japão aumenta as esperanças. Mesmo sendo concorrentes em diversos setores, as raízes culturais são similares entre os três povos, havendo muitos aspectos comuns, como a influência do confucionismo, a difusão do budismo, além de muitos hábitos que passaram a fazer parte de uma cultura comum, ainda que com características locais diferenciadas.

Quando seus descendentes se encontram no exterior, como no Brasil, fica difícil diferenciar aqueles cujos ascendentes são dos três países, Japão, Coreia ou China, havendo muitas atividades comuns. Hoje, existem eventos sociais, como bailes, onde eles se integram, identificando-se somente como orientais, até porque a cara não ajuda. No passado, era mais fácil diferenciá-los pelas preferências nas roupas, atitudes, mas hoje todos usam grifes internacionais e a maioria só fala português, frequentam as mesmas escolas.

O incrível é que um grupo de nikkeis, quando em viagem pela Itália, foi confundido pelos atendentes de uma loja como bolivianos, cujos imigrantes ilegais são números por lá. Com a ascensão econômica de muitos imigrantes asiáticos e seus descendentes, eles que antes frequentavam as lojas da Quinta Avenida, em Nova Iorque, como fornecedores, hoje são os clientes.

Com toda esta mudança no mundo globalizado, espera-se que reduzam as diferenças nacionais, ainda que não desapareçam com o tempo.



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