Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Intensificação do Intercâmbio Ásia/América do Sul

14 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Intercâmbios | Tags: , ,

Se de um lado é extremamente auspicioso constatar que aumentam as notícias sobre os intercâmbios entre a Ásia, principalmente China e Japão, com a América do Sul, onde se destaca o Brasil, de outro se teme o desconhecimento recíproco entre os agentes que estão envolvidos nestas novas relações. Já de algum tempo, nota-se que pequenos investidores, até donas de casa, passaram a aplicar parte de suas economias nos países que remuneram melhor suas reservas, mas verifica-se que nem sempre os riscos cambiais são devidamente considerados, além de desconhecimento das instituições vigentes em cada país. Acabam sendo seduzidos pelas brutais diferenças de juros entre as duas regiões, e nem sempre são adequadamente assessorados pelos agentes financeiros, mais interessados em seus lucros imediatos.

Noticia-se, também, que executivos que conhecem a língua e a cultura dos chineses estão sendo procurados para permitir um relacionamento de parcerias em alguns empreendimentos, que vão além do simples comércio. Mesmo nas importações e exportações, as diferenças brutais de tradição comercial fazem com que muitas operações acabem gerando problemas, quanto mais se os projetos exigem uma convivência de prazo mais longo.

É evidente que a Ásia, notadamente a China, com seu assombroso crescimento econômico, sempre é um mercado que se ambiciona, como sua capacidade de investimentos seduz os empresários sul-americanos, com destaque para os brasileiros. Também o recente desempenho da economia brasileira, bem como a abundância de seus recursos naturais, constitui-se em atrativos para os asiáticos.

Para promover os entendimentos entre povos tão diversos não basta o conhecimento dos idiomas, que são muitos, como de suas culturas. Os agentes envolvidos são dotados de psicologias muito diferentes, horizontes de prazos diversos e retaguardas oficiais diferenciadas, entre muitas outras distinções.

Como em qualquer sociedade, os seres humanos apresentam diferenças, não podendo se generalizar o que se conhece de alguns. Que existem inúmeras e apreciáveis oportunidades não se duvida, mas todas exigem cautelosas avaliações, e longos processos de conhecimento recíproco.

Há diferenças morais entre os povos, e o que é considerado legítimo para alguns pode aparentar estranho para outros. Os chineses, por exemplo, contam com uma longa história de guerras onde os potentados locais saquearam as populações, que acabaram desenvolvendo certo sentimento contra as regras das autoridades que continuam os saqueando com impostos. Alguns entendem que fugir deste jugo não é moralmente condenável, mas faz parte do jogo. Assim, nem sempre as regras de instituições internacionais como a OMC – Organização Mundial do Comércio são todas respeitadas, sem que isto represente um julgamento de valor.

Este aumento de intercâmbio será inevitável e até desejável. Deve se saber, entretanto, que os riscos são inerentes e exigem cautelas adicionais.



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