Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Acadêmicos Japoneses Visitam o Brasil

9 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , , , | 2 Comentários »

Não se duvida que os japoneses, tanto empresários como acadêmicos, estejam mais interessados no intercâmbio com o Brasil e procuram aprofundar os seus conhecimentos sobre o país, do ponto de vista político e econômico, enviando muitas missões. Constata, porém, que o conhecimento deles ainda é precário, havendo necessidade de muito trabalho para que possam ser úteis no incremento deste intercâmbio bilateral.

Somente nesta semana, três credenciados acadêmicos encontram-se no Brasil, um deles bastante conhecido: Heizo Takenaka, diretor do Global Security Research Institute, da Keio University, uma das mais importantes universidades privadas do Japão, que visita o Brasil pela segunda vez, tendo sido destacado ministro do governo Junichiro Koizumi; Yasuhiro Matsuda, do Institute for Advanced Studies on Asia, da University of Tokyo, que está no The Today-Yale Iniciative, especialista em China; e Takeshi Kishikawa, do Department of International Relations, da Sophia University Faculty of Foreign Studies, especialista em México e China.

 Yasuhiro Matsuda Heizo Takenaka

É natural que todos eles conheçam mais profundamente a China, mas tudo indica que estão estudando o Brasil, pois as relações japonesas com aquele país são profundas, mas estão recentemente em crise. Procuram contar com elementos para comparação com outros membros do BRIC, considerados emergentes com elevadas potencialidades, sendo que o Brasil se encontra atualmente em pauta. Outros devem estar estudando a Índia e países do Sudeste Asiático, que lhes são mais próximos. Espera-se que seus estudos e contatos ajudem a incrementar o intercâmbio bilateral entre o Brasil e o Japão, constituindo-se numa importante alternativa do atual intercâmbio sino-japonês, mas para que isto ocorra haverá necessidade de um intenso trabalho. Seus conhecimentos sobre o Brasil são ainda precários, como de muitos membros de missões enviadas pelas empresas japonesas para prospectarem as oportunidades brasileiras.

Espera-se que eles e outros acadêmicos utilizem estudos sérios já efetuados sobre o intercâmbio bilateral passado e as dificuldades que se encontraram. Sendo mais distantes geograficamente, existem vantagens de não restarem problemas de antagonismos criados, por exemplo, pelas guerras que o Japão teve com seus vizinhos asiáticos.

Mas as culturas entre os dois países são muito diferentes, e é preciso consultar aqueles que estão seriamente envolvidos com os problemas locais, sempre complexos de serem entendidos, predominando os enganosos estudos superficiais. Precisam entender que existem heterogeneidades no Japão e na Ásia. Os conhecimentos profundos sobre o Brasil, principalmente dos japoneses, podem ser generalizações perigosas, não só por ser um país com uma história não tão longa como a dos asiáticos, mas por existir uma profunda miscigenação étnica e cultural, com diferenças regionais acentuadas.

Se estes estudos não forem profundos, podem conduzir a erros como os que já foram cometidos no passado, com pouco enraizamento local. Mas eles devem ser saudados, pois mostram que acadêmicos credenciados, com outras experiências internacionais, estão se envolvidos neles. Parece ser preciso que seus parceiros brasileiros sejam igualmente credenciados e tenham também alguns conhecimentos asiáticos.


2 Comentários para “Acadêmicos Japoneses Visitam o Brasil”

  1. Jorge Sato
    1  escreveu às 09:16 em 17 de agosto de 2011:

    A culpa , em parte , na minha opinião , é dos próprios brasileiros, em particular do governo.
    Não existem especialistas lotados na embaixada que possam dar informações,palestras e seminarios para os empresarios japonese.
    A Keidaren tem um escritorio no Brasil. E a CNI? ou mesmo a ABC, Agencia Brasileira de Cooperação, parceira da JICA?
    A Camara de Comercio Brasileira no Japao é outra inutilidade, esta mais preocupada em organizar shows com a Xuxa,Ana Maria Braga do que fazer seminarios empresariais. Bem diferente da sua congenere brasileira que fica na av Paulista.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 09:51 em 17 de agosto de 2011:

    Caro Jorge Sato,

    Acredito que existem algumas dificuldades nos seus comentários, que se refere a um artigo postado há algum tempo. Que nos temos dificuldade em transmitir as nossas realidades para os japoneses não tenho dúvidas. Que eu saiba o Keidanren não tem nenhum escritório no Brasil, como não temos instituições para transmitir informações sobre o Brasil no Japão. A nossa Câmara no Japão vem executando os trabalhos que pode, e a dos japoneses em São Paulo também tem as suas limitações, fazendo as reuniões no idioma japonês, funcionando como uma espécie de clube dos executivos japoneses, ajudando pouco no intercâmbio bilateral, ou multilateral no atual mundo globalizado.
    Que missões de estudos acadêmicos sejam realizados, parece um mecanismo adequado, mas como está no artigo postado, acredito que necessitam contar com equipes de ambos os lados.

    Paulo Yokota


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