Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Aspectos da Eleição Que Não Foram Destacados

4 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

Como os resultados apurados nas eleições brasileiras no seu primeiro turno aparentaram divergências substanciais com as indicações proporcionadas pelas pesquisas eleitorais efetuadas pelos diversos institutos, a mídia acabou se concentrando nestas diferenças, sem a possibilidade de identificação das causas destas disparidades.

O primeiro dado a ser pesquisado deveria ser o elevado percentual da abstenção que chegou a 18,12% pelos dados publicados pelo TSE – Tribunal Superior Eleitoral, envolvendo 99,97% dos votos. Parece consenso que a população, pelos dados preliminares do Censo do IBGE, está com uma crescente população de terceira idade que não está obrigada a votar. Tudo indica que a complexidade com seis números, de diversos dígitos para os cargos em disputa, com muitos sempre mais difíceis de ser digitados pelos idosos, o fato pode ter funcionado como inibidor do comparecimento nas urnas eletrônicas.

Até aos eleitores mais moços e com maior agilidade mental e física foi recomendado o uso de “colas”. Os mais idosos possuem reconhecidas dificuldades com equipamentos eletrônicos e ninguém gosta de ser motivo de olhares enviesados diante da demora nas votações. Mesmo que tenham as suas preferências eleitorais, muitos evitaram comparecer diante das urnas eletrônicas, o que pode ser constatado por pesquisas dos dados de abstenção por faixa de idade.

O mesmo acontece com eleitores de modestas alfabetizações, sendo interessante a análise dos dados diferenciados pelos meios rurais e periferias das grandes metrópoles, e se possível por escolaridade, para verificação destas hipóteses.

No segundo turno, os cargos em disputa podem ser dois em alguns estados e um para Presidente da República, o que pode reduzir de um lado a abstenção dos interessados na disputa, e de outro aumentar para os que não estão interessados nos candidatos restantes.

Alguns analistas identificaram que as transferências de votos previstos para a candidata primeira colocada ocorreram mais fortemente para a terceira colocada. Muitos atribuem para a “onda verde”, mas as bancadas verdes não receberam benefícios idênticos, podendo se supor que eram pouco conhecidos ou em menor número. Mas muitos identificam que temas como o aborto e o homossexualismo, largamente utilizado pelos meios eletrônicos e de boca a boca, destacaram o assunto, principalmente para o eleitorado evangélico ou conservadores católicos, podendo ter provocado esta transferência. Foi motivo de preocupação das bases governistas, devendo ser objeto de atenção no segundo turno.

O problema dos escândalos certamente influiu em alguma medida, numa faixa específica de eleitores, mas tudo indica que o seu efeito não foi de grande monta, o que também pode se identificado por pesquisas qualitativas, como deve ter ocorrido.

O que se pode afirmar sempre é que tais pesquisas não possuem a precisão que seria de se desejar, principalmente quando as tendências estão evoluindo rapidamente. As amostras são relativamente pequenas, não permitindo desdobramentos regionais e outras diferenciações capazes de captar todas as nuances, para todos os cargos, e nem diferenciar os grupos por religião, idade, escolaridade.



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