Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Desaceleração Econômica e Inflação Chinesa

22 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , ,

Muitos jornais em todo o mundo noticiam, com certo alarde, que a economia chinesa passou a crescer menos, mas está ainda num patamar muito elevado se comparado com o resto do mundo, ou seja, 9,6% ao ano. Este seria um nível com o qual até mesmo outros emergentes gostariam de contar. Ao mesmo tempo, mostram que a inflação naquele país chegou a 3,6% nos últimos 12 meses, acima da meta que persegue na sua política econômica. Sempre existem algumas visões diferentes para avaliar estes dados.

Muitos vinham criticando que a China crescia muito em função do seu câmbio desvalorizado, invadindo o resto do mundo com suas exportações. Passando a estimular o mercado interno, a China certamente sofrerá uma pressão inflacionária, que não é nada alarmante, e ainda abaixo do que continua ocorrendo no Brasil. Na realidade, parte da inflação brasileira decorre do exagerado aquecimento da economia chinesa, que vem puxando os preços das principais commodities, inclusive agropecuária.

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Uma parte da inflação em todo o mundo ocorre por problemas climáticos. Houve uma queda substancial na produção de trigo da Rússia, transmitindo efeitos de elevação em produtos similares que podem ser utilizados como substitutos. Em muitas outras regiões produtoras também houve irregularidades climáticas, e em muitos países isto é considerado uma “acidentabilidade”, sendo excluídos dos índices de preços, para não internalizar os seus efeitos sobre os demais produtos locais.

Numa entrevista concedida pelo professor Michael Pettis, atualmente na Escola Guanghua de Administração da Universidade de Pequim, segundo a jornalista Érica Fraga, da Folha de S.Paulo, o Brasil necessita estar preparado para a queda dos preços de suas commodities, que dependem muito dos chineses. Haverá uma tendência de sua queda no futuro, com o desaquecimento relativo da economia da China. É verdade que a exportação brasileira e o crescimento recente do Brasil foram favorecidos pelos preços internacionais das exportações brasileiras, mais do que por uma política com este objetivo.

Agora, como chama a atenção o professor Delfim Netto, o vento que era de cauda passa a ser de proa, exigindo uma política mais consistente do próximo governo. Portanto, nada alarmante, mas as mudanças que ocorrem no mundo precisam ser cuidadosamente monitoradas, para ajustamentos das medidas de política econômica no Brasil como em outros países.



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