Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Efeitos Empresariais das Fricções Sino-Japonesas

11 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Integração | Tags: , ,

A deterioração da situação entre a China e o Japão, tanto pelas disputas territoriais como suas consequências com aprisionamentos recíprocos de cidadãos de ambos os países, começa a afetar o quadro da integração comercial. O primeiro setor atingido foi o do fornecimento de terras raras chinesas para as indústrias de alta tecnologia do Japão. Depois vieram os cortes dos turistas de ambos os países. Seguem-se os intercâmbios de técnicos do setor eletrônico de tecnologia de ponta e agora se anuncia dificuldades crescentes no fornecimento de confecções chinesas para atender as demandas japonesas.

Há um aumento crescente dos custos de mão de obra na China e parte do abastecimento de confecções chinesas está passando para outros países, principalmente do Sudeste Asiático, mas num ritmo mais lento que o desejado, segundo o jornal japonês Nikkei. Alguns fornecedores chineses alegam que os japoneses adquirem em pequenos lotes, com condições mais duras, enquanto compradores norte-americanos e europeus oferecem melhores preços e outras facilidades, ao mesmo tempo em que a demanda interna da China está se elevando.

uniqlo

Rede de lojas japonesa Uniqlo, que pode ser afetada pela crise entre o Japão e a China

Alegam as empresas que as incertezas cambiais, com as pressões de todos sobre a China, também estão afetando os negócios. Os chineses alegam que a mão de obra está migrando para setores de valor adicionado mais elevado, como equipamentos pesados.

Alguns acadêmicos, como o professor Heizo Takenaka, da Keio University, antigo ministro japonês, se expressa politicamente que a parceria entre os dois países continuará forte, como a que o Japão mantém com os Estados Unidos. No entanto, o que se constata no quotidiano empresarial é que as fricções estão aumentando, com o Japão procurando desvalorizar o iene japonês e procurando alternativas de fornecimento de outros países, ao mesmo tempo em que o intercâmbio procura se diversificar, aumentando com a Índia e outros países do Sudeste Asiático. Chega até aos países africanos e sul-americanos ainda de formas tímidas.

As imprensas chinesas e japonesas trocam notícias hostis, e a recente escolha do Prêmio Nobel da Paz, dissidente chinês Liu Xiaobo, deve aumentar as críticas sobre a falta de respeito aos direitos humanos na China, bem como controle da mídia pelas autoridades do País do Meio.

Há uma tentativa de coordenação internacional para pressionar a China, com a proximidade da reunião do FMI, sobre o câmbio chinês que todos interpretam como demasiadamente desvalorizado, prejudicando o emprego em outros países. Na realidade, o rápido crescimento chinês e o seu desrespeito às regras internacionais incomodam a todos, principalmente aos seus parceiros próximos como o Japão, que alega que os inimigos externos são criados para desviar a atenção interna chinesa sobre problemas políticos que estão enfrentando.

De qualquer forma estas fricções todas preocupam o resto do mundo.



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