Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Prêmio Nobel na Ásia e no Japão

11 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

O jornal econômico japonês Nikkei publica uma matéria reconhecendo que a indústria química japonesa deve muito a dois cientistas que foram premiados com o Prêmio Nobel neste ano, Akira Suzuki, da Universidade de Hokkaido, e Ei-ichi Negishi, atualmente na Universidade de Purdue, nos Estados Unidos. E isto vem ocorrendo há décadas, sem o merecido reconhecimento. O que chama a atenção é que muitos japoneses premiados ao longo dos anos atuam nos centros de pesquisa de outros países.

Na cultura japonesa, pouco da contribuição individual é destacada, mas a da coletividade. Os que são dotados de talentos pessoais nem sempre acabam sendo bem vistos, recebendo pouco suporte. Eles acabam encontrando melhores condições de trabalho nos centros de pesquisas em outros países, que procuram atrair cientistas de elevada potencialidade. As patentes das descobertas de novos conhecimentos relevantes acabam sendo atribuídas as empresas, que utilizam pesquisas feitas pelos cientistas.

Akira Suzuki Ei-ichi Negishi Liu Xiaobao Aung San Suu Kyi

Akira Suzuki, Ei-ichi Negishi, Liu Xiaobao e Aung San Suu Kyi

Não se duvida que muitas das contribuições científicas foram obtidas por equipes, mas elas estavam comandadas por gênios individuais. Hoje, mesmo que o Japão e outros países asiáticos contem com muitas personalidades que merecem ser reconhecidas com o Prêmio Nobel ainda são incapazes de valorizar o trabalho destas pessoas.

Os casos mais gritantes acabam sendo os do Prêmio Nobel da Paz, este ano concedido ao dissidente chinês Liu Xiaobao, não reconhecido pelas autoridades da China, que ampliam as restrições inclusive à sua esposa, censurando toda a imprensa daquele país. Lamentavelmente, ele sofrerá muito mais ao longo dos próximos anos, como também acontece com a Aung San Suu Kyi, em Myanmar, que continua aprisionada em sua residência, ainda que ela seja adepta da não violência.

Acaba sendo o elevado custo da ampla divulgação mundial que estes casos políticos provocam nos países autoritários que não admitirem a liberdade de pensamento. Em que pesem as restrições que também ocorrem na América do Sul, que necessitam serem pressionados, os que existem na Ásia denotam ser mais radicais.

Mesmo que os países tenham interesses econômicos e comerciais, estes problemas políticos devem ser claramente expostos, não podendo ser tolerados, como vem se esforçando a Academia Nobel de Estocolmo. O mesmo deve acontecer com a propriedade intelectual que merece o reconhecimento adequado.



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