Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Enrascada Economia Japonesa

8 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , , ,

Noriko Hama Lamentavelmente, observa-se um desânimo generalizado no Japão que passa por um agravamento de sua longa e difícil situação econômica, sem que seus líderes políticos ou empresariais sejam capazes de apresentar uma proposta consistente para sair da estagnação em que se encontram. Ao mesmo tempo, seu câmbio tende a valorizar-se, apresentando uma perspectiva mais complexa para o futuro. O jornal The Japan Times apresentou um longo artigo da jornalista Tomoko Otake, incluindo uma entrevista com a acadêmica Noriko Hama, professora de economia da Doshisha University Graduate School of Business de Quioto, que tem muitos livros publicados e escreve regularmente para os jornais. Ela trabalhou em Londres por muitos anos, na Mitsubishi Research Institute, um think tank importante do Japão.

A jornalista faz uma referência ao estouro da bolha japonesa nos primeiros anos 90, a quebra dos bancos, seguradoras e grandes empresas, que destruiu a confiança dos japoneses que tinham conquistado a designação de “tigre asiático” no pós-guerra. Passaram pelo que chamaram “década perdida”, que já são de duas dezenas de anos, que reduziram o consumo, os salários e, talvez o mais importante, o “people’s spirit”, ou o espírito do povo. Levando a economia a ser considerada a “ciência sombria”, expressão já anteriormente criada pelos ingleses.

O Japão é o país mais endividado do mundo, com cerca de duas vezes o PIB – Produto Interno Bruto, ainda que seus juros sejam baixos, levando risco de haver uma inadimplência a qualquer momento. É um dos países que conta com mais idosos no mundo. Desde 2008, encontra-se num processo de deflação, que é pior que o de inflação, com os preços caindo continuamente. O câmbio japonês vem se valorizando tornando difícil a sua exportação. A jornalista entrevistou longamente a economista Noriko Hama para saber para onde vai o Japão, ela que escreveu recentemente um livro que pode ser traduzido como: “A Nova Economia: um Guia Para a Cidadania Global”, propondo que os consumidores japoneses deixem de procurar descontos nas compras, que seria um processo de “sobrevivência com a canibalização”. Estaria usando a figura do escritor norte-americano Stephen King, que fala de um cirurgião sobrevivente numa ilha deserta que vai consumindo o seu corpo até a morte final.

Na entrevista, ela informa que não é o yen que se valoriza, mas o dólar norte-americano que está se desvalorizando, o que já vem ocorrendo há muito tempo, desde 1971, com todos fugindo dos ativos desta moeda. Muitas medidas tomadas pelas autoridades dos Estados Unidos só combatem o sintoma e não a causa, segundo ela. O Japão, que tem uma elevada taxa de poupança, vem servindo aos americanos como banqueiros.

Ela informa que o dólar pode continuando desvalorizando, e pode ser substituído como referência mundial, como foi a libra esterlina inglesa, achando que a próxima moeda será a conveniente para cada transação. Ela acha que a economia americana continuará diminuindo de tamanho. Segundo ela, para não seguir o caminho dos Estados Unidos, os consumidores japoneses não devem procurar somente produtos baratos, mas preservar seus empregos, adotando algo como os norte-americanos com o “buy american”, começando pelos núcleos comunitários.

Este artigo mostra a perplexidade que toma conta dos japoneses, e mesmo os acadêmicos ainda não contam com uma proposição mais ousada. Imaginam que podem continuar contando com seus relacionamentos com norte-americanos e chineses, sem atitudes mais afirmativas, usando as condições que possuem, como uma mão-de-obra capacitada, elevada poupança e tecnologia aspiradas por outros parceiros internacionais.



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