Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Vale em Parceria com a Posco no Ceará

5 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Integração | Tags: , ,

Se havia um comportamento pouco compreensível da Vale que se concentrava na exportação de minérios no Brasil e exploração de jazidas no exterior, depois do presidente Lula da Silva ter manifestado a sua insatisfação ao presidente da Vale, Roger Agnelli, parece que a empresa mudou totalmente de orientação. O jornal O Estado de S.Paulo, num importante artigo da jornalista Mônica Ciarelli, informa que a usina de Pacém, no Ceará, será implementada com a Vale contando com 50% do seu controle, a Dongkuk coreana com 30% e a Posco, a primeira siderurgia coreana e terceira do mundo, com 20%, utilizando a tecnologia e experiência comercial da última.

Não só isto, mas o artigo informa que a Vale tem em seus planos a Companhia Siderúrgica do Atlântico, no Rio de Janeiro, a Companhia Siderúrgica, de Vitória, no Espírito Santo, e a Aços Laminados, do Pará, no Estado do Pará. Dispondo dos melhores minérios do mundo, o mais racional, como imaginado pelo governo, era que a Vale caminhasse celeremente na sua industrialização, acrescentando emprego e valor adicionado no Brasil.

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Ainda que privatizada, a Vale conta com importantes participações de fundos de pensões controladas pelo governo. Com uma visão que poderia ser considerada míope, concentrou-se na sua comercialização, utilizando as minas que possui tirando partido de sua logística, para realizar lucros mais imediatos. Mas, para o Brasil, além da produção de aços e outros produtos siderúrgicos, as indústrias que dependem destas matérias-primas são relevantes, tanto para a criação de empregos como de renda. As siderúrgicas podem ser polos de promoção do desenvolvimento regional, como os que são perseguidos pelas autoridades.

Apesar da longa entrevista concedida por Roger Agnelli para o jornal Valor Econômico, informando entre muitas outras coisas que a sua missão era gerar resultados que ele conseguiu, é fácil entender que estas grandes empresas, antigas estatais, possuem outras funções estratégicas. Na realidade, no mundo atual, estas grandes empresas atuam coordenadas com o governo que objetiva resultados mais amplos para toda a economia e a população, não se restringindo somente a proporcionar ganhos para seus dirigentes e acionistas.

A Coreia do Sul é um exemplo, e o Japão volta a utilizar modelos semelhantes, como fazem a Índia e outros emergentes como o Vietnã. No caso chinês, as empresas estatais contam com o comando do Partido Comunista do país, que acaba subordinando-as aos objetivos mais amplos do país.

Esta guinada, ainda que tardia, parece fundamental para que nos próximos anos a economia brasileira continue competitiva, não só no setor siderúrgico como nos demais que utilizam seus produtos como matérias-primas. Mas há que se reconhecer que a Vale é uma pioneira, e está transportando de volta com o seu sistema logístico outras matérias-primas das quais somos carentes, como o carvão siderúrgico. E poderá entrar na área de outras ligas especiais que utilizam outros minérios estratégicos de que dispõe o Brasil.



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