Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Comparações das Performances do Brasil, da Índia e da China

13 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , , ,

Num espaço como deste site não cabe uma discussão profunda sobre as causas das diferenças atuais de crescimento econômico registrados em três grandes países emergentes como o Brasil, a Índia e a China. Mas parece que interessam a muitos mesmo as pinceladas que podem ser levantadas como hipóteses para tentar explicar as possíveis diferenças. O senso comum para os brasileiros é que a economia chinesa e a hindu apresentam maiores dificuldades para o crescimento, mas eles estão conseguindo resultados superiores ao do Brasil nas últimas décadas.

Examinando superficialmente dois livros recentemente publicados em 2010 pela Oxford Economic Press, “Emerging Giants – China and India in the World Economiy”, editado por Barry Eichengreen, Pooman Gupta e Rajiv Kumar, e “India’s Economy – Performance and Challanges Essays in Honour of Montek Singh Ahluwalia”, editados por Shankar Acharya e Rakesh Mohan, colhe-se a impressão que os acadêmicos daqueles países estudaram mais aspectos relacionados com o desenvolvimento econômico que os brasileiros. Muitos que são os responsáveis atuais pelo destino da China e da Índia, ou formam as equipes que orientam suas políticas econômicas, estavam mais preocupados com reformas e problemas relacionados com o desenvolvimento. No Brasil, diante dos problemas inflacionários por muitos anos, os acadêmicos concentraram-se na atenção dos aspectos monetários, com a manutenção de taxas de juros extremamente elevados, relevando outros aspectos relacionados com a produção.

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Isto pode ter induzido no sentido que os melhores talentos disponíveis nestes três países fossem atraídos para as atividades que lhes permitiam melhores realizações. No Brasil, houve um agigantamento das atividades financeiras, com muitos bons profissionais sendo atraídos para trabalharem no sistema bancário. Na China e na Índia, parece que os acadêmicos e os engenheiros se dedicaram aos problemas de desenvolvimento, enquanto no Brasil houve uma forte migração até de engenheiros para o setor financeiro. Trata-se de uma hipótese que poderá ser testada.

Ainda que a atividade financeira seja importante, o comando da economia parece mais adequada ficando no setor relacionado com o desenvolvimento tecnológico, que pode proporcionar um aumento da produtividade, dos setores primário, como secundário e terciário. Com o preconceito de que os políticos brasileiros eram incapazes de manter o adequado equilíbrio fiscal, sempre se abusou dos controles monetários, para cobrir eventualidades de uma política fiscal de elevados gastos. Os juros mantidos elevados acabaram por inibir o ritmo de crescimento, provocando até uma exagerada valorização cambial, que desestimula as exportações e pressiona o aumento das importações.

O Brasil foi beneficiado pela expansão da economia mundial, fazendo com que os preços de suas commodities exportadas, como minérios e produtos agropecuários, subissem no mercado externo. Mas as reformas necessárias não foram efetuadas, e produtos de maior valor adicionado não tiveram um ganho de participação nas exportações, estimulando um desenvolvimento tecnológico como ocorreu na China e na Índia. Tudo que continha tecnologias mais avançadas acabaram sendo importadas.

Novos desafios estão se apresentando para os próximos anos, com muitas interessantes mudanças no cenário internacional. Se os futuros dirigentes estiverem adequadamente orientados, todas as oportunidades poderão ser aproveitadas, com a mudança do atual quadro dos ritmos de desenvolvimento das três economias.



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