Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Desafios Tecnológicos Vindos da Ásia

10 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , ,

Um interessante artigo de Steve Lohr, do New York Times, publicado na Folha de S.Paulo, chama a atenção sobre o importante esforço chinês no estímulo das inovações e patentes. Enquanto muitos países ficam se perdendo nas discussões de outros aspectos da política econômica de curto prazo, alguns países emergentes estabelecem um claro programa para estimular um salto nas suas inovações tecnológicas. O Serviço de Propriedade Intelectual da China publicou recentemente a sua “Estratégia Nacional para Desenvolvimento de Patentes (2011-2020). Pretende-se chegar em 2015 a 2 milhões de patentes solicitadas, o que deve ultrapassar os Estados Unidos.

A Thomson Reuters, especializada nos levantamentos dos estudos científicos em todo o mundo, prevê que já em 2011 a China deve ultrapassar os Estados Unidos neste setor. Este processo está ocorrendo a uma velocidade bem superior a esperada pelos analistas. As patentes estão ocorrendo em áreas consideradas prioritárias pelos chineses, como energia solar e eólica, tecnologia da informação e telecomunicações, fabricação de baterias e automóveis.

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A política chinesa introduziu diversos incentivos, incluindo bonificações em dinheiro, melhores acomodações para os pesquisadores, isenções tributárias para empresas que produzem patentes. Estão estimulando os empreendedores inovadores em termos individuais. Algo semelhante começa a ocorrer também na Índia, mostrando que depois da importação de tecnologias estão não só adaptando para as suas realidades como se preparando para competir internacionalmente.

Aqueles que só ficam desprezando ou invejando estas ações estratégicas dos asiáticos necessitam tomar consciência que os outros emergentes, que não efetuarem substanciais esforços da mesma natureza, estarão fadadas a se atrasarem nestas corridas internacionais.

O Brasil vem efetuando seus esforços, mas quando comparado com o que vem sendo investido, tanto pelo setor público como privado, verifica-se que as cifras dos seus orçamentos são insignificantes. Há que se consolidar uma cultura sobre a importância destes esforços, não somente em poucas instituições que são exceções, mas que aproveitando a elevada criatividade do povo brasileiro, bem como a sua abundância de recursos minerais e biodiversidade, eles sejam mobilizados para a conquista de níveis de bem estar para toda a população.

A tendência dos países gigantescos como o Brasil é exagerar na observação do que está acontecendo internamente, o que não pode ser desprezado. No entanto, ver um pouco do que acontece com outros países emergentes poderia servir de estímulo para os desdobramentos dos esforços locais, que ainda são insignificantes.

A publicidade é importante, mas só o ufanismo não basta. É preciso botar as mãos na massa, como outros já estão fazendo há mais tempo, pois os recursos humanos para tanto apresentam defasagens assustadoras, além dos recursos financeiros alocados para estes desenvolvimentos tecnológicos.



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