Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Exigência na Educação dos Filhos

14 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , | 2 Comentários »

Um provocativo ensaio foi publicado no Wall Street Journal por Amy Chua, uma professora da Yale Law School e autora de diversos livros de prestígio, que faz parte do “Battle Hymn of the Tiger Mother”, que será publicada pela Penguin Press. O jornal levanta a questão se crianças criadas sem encontros de brincadeiras, sem TV, sem jogos de computador, com horas de prática de música podem ser felizes? E o que acontece quando elas brigam com os pais contra este regime.

Amy Chua é mãe de Sophia, que já tocou um concerto de piano no prestigioso Carnegie Hall em 2007, e da Louisa, que toca violino, e chegou aos Estados Unidos com seus pais logo que nasceu. Segundo ela, muitos gostariam de saber como os pais chineses conseguem estereotipados filhos considerados gênios matemáticos e prodígios musicais.

music prodigies

Amy Chua: exigência de notas máximas

Ela exige que suas filhas obtenham as notas máximas e sejam as primeiras da sala em todas as matérias, exceto ginástica e drama, que ela chama de “mãe chinesa”, mas encontra o mesmo comportamento entre outros imigrantes nos Estados Unidos. Também encontra outras descendentes de chineses nascidas no Ocidente que classifica como “pais do oeste”, mais tolerantes e menos exigentes. Existem alguns estudos sobre estes grupos.

Uma pesquisa constatou que entre 50 mães americanas ocidentais e 48 imigrantes chinesas, 70% do primeiro grupo entendiam que enfatizar o sucesso acadêmico não era bom para as crianças. A maioria das mães chinesas entendia que seus filhos poderiam ser os melhores alunos. Os pais chineses gastavam 10 vezes mais de tempo cuidando das atividades acadêmicas dos seus filhos, enquanto os ocidentais participavam mais dos esportes.

As mães chinesas entendem que há um esforço necessário, no início, até que haja prazer com estas atividades, mesmo que haja uma resistência da parte dos filhos. Os exercícios repetidos são necessários em qualquer atividade para se atingir a excelência. Elas costumam ser mais rígidas que as ocidentais, inclusive nas notas obtidas nas provas. Elas acreditam que as crianças são capazes de obterem melhores resultados.

Ainda que não seja muito claro, ela admite que possa existir uma influência confuciana nestas atitudes, que lhe concede uma posição de tutora, ao mesmo tempo em que o seu sacrifício visa o benefício das crianças. Existe um sentimento de dívida permanente dos filhos para com os pais, o que não existe nas ocidentais.

A autora admite que tanto as chinesas como as ocidentais desejam o melhor para seus filhos, mas a forma pela qual isto é feito acaba sendo diferente. As ocidentais respeitam a individualidade dos filhos, mas as chinesas entendem que estão mais esclarecidas sobre as necessidades deles, visando uma formação mais sólida visando o seu futuro.

Não é uma matéria simples. No entanto, do ponto de vista dos resultados do sistema educacional, parece que as chinesas estão conseguindo resultados superiores, o que não significa necessariamente mais felicidade.


2 Comentários para “Exigência na Educação dos Filhos”

  1. Frank Honjo
    1  escreveu às 06:34 em 15 de janeiro de 2011:

    Prezado Paulo,

    Antes de mais nada, um bom 2011.

    Quanto a questão apresentada, será que pelo fato de serem imigrantes num país diferente não seja também um motivo de imprimir nos filhos que o sucesso futuro se dá em ser melhores do que os "nativos"? Nesse espírito de concorrência?

    Veja a questão dos imigrantes japoneses no Brasil. A pressão da primeira geração para a segunda de serem os melhores?

    Ou realmente é uma questão de cultura asiática mesmo. Como o Sr. já viveu no Japão e asia, poderia passar melhor essa sensibilidade.

    Lembro-me que o meu "O-dityan" falava, que quando os imigrantes entravam numa comunidade as duas primeiras coisas que pensavam era: a) Montar uma Associação; b) Construir uma escola.

    Grande abraço

    Frank Honjo

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 07:26 em 15 de janeiro de 2011:

    Caro Frank Honjo,

    Obrigado pelos comentários sempre oportunos. Acredito que o caso dessa Amy Chua é dos mais extremados. No entanto, acho que a influência do confucionismo não pode ser desprezada, como se observa na China, na Coreia e no próprio Japão, o que determinou a orientação do seu avô. Que os que se encontram nos níveis inferiores da escala social utilizam a educação como mecanismo de ascensão social, não há duvidas, e esta liberdade de mobilidade social foi uma importante conquista da humanidade. Sempre haverá uma discussão sobre os métodos educacionais mais convenientes e que a participação dos pais na educação é mais importante que a escola, parece pacífico. Hoje existem orientadores educacionais preparados para identificar as potencialidades dos alunos, pois a finalidade última deve ser a felicidade deles, e muitos vão se realizar não pelos resultados econômico-financeiros, ou pela fama e prestígio social que conquistaram.
    Há muitos competentes profissionais discutindo sobre os sistemas educacionais mais eficientes, mas é preciso definir para quê. Eu, pessoalmente, acredito que os seres humanos necessitam se realizar, e o fazem de formas diferentes, e nem os pais devem interferir exageradamente, dando um pouco mais de liberdade para as crianças, que vão descobrindo ao longo da vida como eles se sentirão mais felizes. Mas, não desejo impôr a ninguém os meus valores.

    Paulo Yokota


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