Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Sustentabilidade do Consumo do Atum

10 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , , ,

Um extenso artigo escrito por Hillel Wright, mais reconhecido como literato, sobre a possibilidade de extinção do atum com o atual consumo mundial, foi publicado no The Japan Times. Discorre sobre a imensa variedade de peixes considerados como atum, com estatísticas elaboradas por diversas agências japonesas e internacionais, classificando os que estão considerados como em risco de extinção. No geral, ele é otimista, chegando à conclusão que somente algumas espécies estão em risco, diferenciando os das mais variadas regiões do mundo, como o Pacífico, Mediterrâneo e de outras regiões.

Usando os dados da FAO, de 2008, ele considera que 1% está se recuperando da extinção, 7% correndo o risco, 17% está sendo superexplorado, 52% está sustentável mesmo plenamente explorado, 20% moderadamente explorado e 3% não explorado. É preciso considerar que estes dados estão defasados, e está havendo um rápido aumento do seu consumo em todo o mundo com a disseminação dos sushis e sashimis, inclusive entre os chineses que não tinham o hábito de consumirem produtos crus, principalmente do mar.

Tsukiji_Fish_

Mercado de Tsukiji, o mais famoso do Japão

O atum mais apreciado no mundo, principalmente entre os japoneses, é o hon maguro (bluefin, verdadeiro atum), que chega a pesar cerca de 500 quilos, apresentando um alto teor de gordura, considerado o colesterol benigno. Os de melhor qualidade são transportados por aviões para o mercado de Tsukiji em Tóquio onde conseguem obter preços absurdos. Recentemente, nos leilões estão sendo vendidos para um pool de restaurantes do Japão e de Hong Kong.

O autor, baseado em alguns dados de conservadoristas, entende que a criação dos atuns que já vem sendo feito em algumas partes do mundo apresenta riscos de alguns tipos de contaminação. É uma atitude semelhante aos contrários aos cereais híbridos que se disseminaram pelo mundo. A piscicultura é hoje uma realidade, e está permitindo o abastecimento do mercado sem maiores dificuldades, ainda que a qualidade do produto não seja a mesma da natural.

Uma proposição para possíveis dificuldades seria a utilização das variedades que não apresentam riscos. Mas sempre haverá escassez daqueles considerados mais nobres, e cotas de pesca devem ser rigidamente estabelecidos, ainda que existam dificuldades para o seu controle. Agências existentes em diversos países encontram dificuldades de controle, pois a pesca é uma atividade pouco concentrada, havendo muitos habitantes nos mais variados países vivendo desta atividade.

Só no Japão existem mais de uma dezena de variedades principais dos atuns controlados pelo FRA – Japan’s Fisheries Research Agency, mas suas pescas se estendem por todo o mundo, até com frotas guiadas pelos satélites para localização dos cardumes, com a utilização de sofisticados radares. Informa-se que a pesca ilegal envolve até organizações criminosas.

Com o crescimento da demanda não há como se preservar a sua sustentabilidade de forma natural, ao que tudo parece. O aperfeiçoamento das pesquisas vem melhorando as “fazendas” de criação em diversas partes do mundo, tanto de diversas variedades de atum como assemelhados, como de rações que são utilizadas para tanto.

A esperança é que este alimento considerado saudável para a saúde humana, apreciado por um número crescente de consumidores, tenha possibilidade de se manter sustentável, com o uso crescente do engenho humano, que sempre tem desmentido os adeptos do malthusianismo.



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