Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Efeitos dos Problemas Árabes na Ásia

18 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Política | Tags:

Os problemas dos árabes, que começaram na Tunísia e acabaram provocando conseqüências mais sérias no Egito, ainda estão se espalhando por outros países. Países asiáticos que contam com regimes autoritários, que podem sofrer problemas semelhantes, estão em situações variadas. Os mais despóticos estão no Myanmar e na Coreia do Norte, e eles se sentem imunes aos poderes populares, segundo o The Economist. Mesmo na China, mais confiante, variam nas memórias das pessoas os acontecimentos de Cairo, esperando-se que elas sejam mais suaves.

Na Ásia Central, mais próxima do ponto de vista geográfico, com culturas e religiões similares do Oriente Médio, as ressonâncias podem ser mais ouvidas. Os acontecimentos recentes estão na memória de todos. A China veio dando maior prioridade ao desenvolvimento econômico do que à liberdade. Mas mesmo os analistas ocidentais concedem que os chineses estejam beneficiando de alguma forma suas populações, ainda que de forma diferente da desejada pelos ocidentais. Mas as lembranças dos massacres de 1989 no Tiananmen continuam presentes.

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População foi às ruas para derrubar o ditador Hosni Mubarak, no Egito

Isto explica, em parte, porque os censores chineses evitaram a disseminação das informações dos problemas egípcios pelos meios eletrônicos, ainda que com eficiência parcial. As manifestações contra a corrupção foram propagadas. O China Daily apresentou os problemas com manchetes suavizadas.

Os chineses contam com três razões para justificar as diferenças das situações. Segundo pesquisas da Pew Research Center, no último ano, 87% dos chineses estão satisfeitos como as coisas andam por lá. A China é um sistema ditatorial de um partido, não de um indivíduo. O Partido Comunista Chinês já efetuou uma renovação dos quadros em 2002 e programou outro para 2012. Finalmente, informam que o Partido tem o controle das forças de segurança. Mas quem garante que eles obedecerão às ordens quando se tratar de coibir os populares, como já aconteceu em alguns casos isolados de minorias étnicas?

O confiante Partido Comunista Chinês não se empenhou no bloqueio radical das informações dos problemas árabes, ainda que a inflação esteja rondando o país também. A classe média, quase sempre a locomotiva das mudanças políticas, está crescendo rapidamente na China, e mesmo com o desemprego dos jovens todos se mostram otimistas com relação ao futuro do país.

As revoltas populares costumam ter como alvos instigadores externos, tipicamente norte-americanos, que não foram os casos. Não existe uma motivação ideológica, e os controles dos novos sistemas eletrônicos como os microblogs mostram-se ineficazes.

São as principais impressões do The Economist, ainda que processos políticos desta natureza sejam pouco previsíveis, e eles não tenham se esgotado.



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