Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Economia da Reconstrução Japonesa

27 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , , , | 2 Comentários »

Ninguém duvida que o povo japonês contribuirá com tudo que for necessário para financiar a rápida reconstrução japonesa. O jornal econômico japonês Nikkei anuncia que a Nomura Securities, a maior corretora do Japão, lançou um Fundo Mútuo com o objetivo de ajudar na reconstrução, colocando bônus num montante inicial de 50 bilhões de ienes, cerca de US$ 650 milhões, informando que fará outros, quantos forem necessários. Os recursos serão utilizados para as obras de reconstrução dos governos locais como de empresas privadas.

A Nomura não cobrará nenhuma taxa dos poupadores individuais, e o custo de seu gerenciamento será somente de 0,4% sobre o resultado que se conseguir. Isto significa custos extremamente baixos, mesmo considerando os reduzidos da economia japonesa. E a corretora doará metade dos resultados que obtiver nos socorros das vitimas do desastre natural.

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Logotipo da Nomura e estrada reconstruída em apenas sete dias

As poupanças populares do Japão, pelo sistema do Correio, apresentam montantes superiores a US$ 3 trilhões, e parte deles serão, certamente, destinados à reconstrução. Portanto, não deve haver problemas para o financiamento do aumento da elevada dívida pública japonesa, com os custos mais baixos do mundo, como preocupa alguns analistas mal informados.

No que o Japão necessitará de assistência dos países estrangeiros, como uma ironia da economia, é na exagerada valorização do seu câmbio, como já estava ocorrendo, e recebeu ajuda no âmbito do G7. As poupanças japonesas estão investidas no exterior, e parte delas já está retornando para o país, valorizando demais o seu câmbio, dificultando a sua exportação e a recuperação de sua economia. Alguns pequenos investidores estão investindo no exterior, as chamadas no mercado como Mrs. Watanabe, mas seus montantes são insignificantes diante dos volumes dos diversos fundos aplicados no exterior.

Por exemplo, informa-se no mercado que cerca de US$ 80 bilhões dos fundos japoneses estão aplicados no Brasil, sendo que parte deles deverá retornar para o Japão. Isto poderá criar algumas dificuldades com setores que trabalham simplesmente no setor especulativo, arbitrando nas diferenças dos juros. Mas ajudarão as autoridades brasileiras que não necessitarão aplicar, com custos elevados, na exagerada valorização do seu câmbio, ajudando os dois países. Temporariamente, os investimentos de longo prazo dos japoneses nos países emergentes podem ser reduzidos, mas eles precisam continuar competitivos no exterior, para obterem encomendas para suas empresas.

Estamos insistindo neste site que o atual desastre, como outros naturais que ocorreram pelo mundo, acabarão estimulando a economia japonesa, que depois de uma queda temporária voltará com vigor para um crescimento acentuado, como depois da Segunda Guerra Mundial e os bombardeios atômicos.


2 Comentários para “Economia da Reconstrução Japonesa”

  1. Hadevigues P. dos Santos
    1  escreveu às 19:52 em 9 de abril de 2011:

    Prezados Sr. Paulo
    Só hoje vi seu site, gostei e também li seu currículo.
    Tenho 59 anos, sou engenheiro e desde os 10 anos leio sobre o Brasil, lendo e relendo as perdas das chances “perdidas” para solucionar alguns dos problemas crônicos de nossa vida; um deles é a visceral impunidade da corrupção. Sei que não existe perfeição no mundo, o Japão é prova disso, mas aqui a esbornia é absurda. Um dos nossos gargalos é a infraestrutura viária e a concentração no transporte rodoviário, que é o mais caro.
    Com sua experiência no BC, junto a cúpula do governo, como isso é discutido é manipulado.
    O seu artigo mostra a reconstrução de uma estrada em 7 dias com uma qualidade de fazer inveja aos nossos “melhores” projetos. Há alguns dias achei um comentário de um professor da Fundação Dom Cabral, que estagiou na Alemanha em uma empresa que administrava a primeira Autobahn construída lá, nos anos 30, nunca sofreu manutenção, porque suas pistas possuíam 1,5 m de concreto. Nos anos 90 vi uma entrevista do Delfim Neto, num programa do Henry Maksoud, onde mostrava que era fácil provar a corrupção nessa área: basta pegar o contrato da obra, ler as especificações dos materiais e suas espessuras e retirar amostras. Fácil, limpo e conclusivo
    O JN mostrou, noutro dia, as esburacadas estradas brasileiras, em que aparecia uma cratera e suas camadas de asfalto e brita: não aparentavam ter mais de 5 cm.
    Não vou entrar nem em outros campos.
    Respeitosamente
    HPS

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 22:25 em 9 de abril de 2011:

    Caro Hadervigues P. dos Santos,

    Agradeço pelos seus comentários. Lamentavelmente, onde existem seres humanos existem possibilidades de desvios. Existem mecanismos políticos para melhorar a fiscalização dos representantes pelos representados, como nos sistemas de voto distrital mistos. Na infraestrutura o Brasil já teve momentos de pico, como na construção de Itaipú, com a engenharia se aperfeiçoando em função de uma grande sequência de grandes projetos. A japonesa, voltada aos problemas de terremoto, está desenvolvida. A atual engenharia chinesa, principalmente a pesada é invejável, pois estão com a metade da construção civil do mundo, e temos inclusive uma grande produtora de equipamentos pesados da China se instalando no Brasil. Eles acreditam, como muitos, que o Brasil vai investir muito neste segmento nos próximos anos.
    Temos muito que aprender com os asiáticos, e veja o artigo que postei sobre os mongóis, com Gengis Khan que fez um mercado comum envolvendo da China até a Europa.
    Acredito que estamos retomando o desenvolvimento que tivemos, com todas as nossas limitações.
    Paulo Yokota


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