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Reconstrução Industrial do Japão

31 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: , ,

O jornal econômico japonês Nikkei publicou hoje um editorial sobre alguns casos de reconstrução de indústrias afetadas pelos terremotos e tsunamis, notadamente no nordeste do Japão, informando que todas elas estão muito ocupadas reparando suas instalações para poder voltar a operar plenamente. Como noticiado em muitos jornais, o fornecimento de componentes japoneses afetaram indústrias, não só no Japão, como em muitas partes do mundo globalizado. Eles esperam que na reconstrução contem com oportunidade para alguns aperfeiçoamentos, com novos avanços tecnológicos.

Yasushi Akao, presidente da poderosa Renesas Electronics, fornecedora de chips para muitas empresas em todo o mundo, informa que sua unidade de Naka, na Província de Ibaraki, foi fortemente abalada, mas deve voltar a funcionar em julho próximo. O brasileiro Carlos Ghosn, presidente da Nissan Motor, depois de visitar a sua fábrica afetada em Iwaki, Província de Fukushima, espera que a unidade esteja operando com sua plena capacidade no começo de junho próximo. Akio Mimura, o influente chairman da Nippon Steel, sócia da Usiminas do Brasil, mostra-se otimista sobre a visão da reconstrução afirmando que “ainda que os danos aparentem serem devastadores, nesta crise os empregados na linha de frente mostram poderes de super-homens e restabelecerão as operações rapidamente”.

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Yasushi Akao, da Renesas; Carlos Ghosn, da Nissan; e Akio Mimura, da Nippon Steel

As indústrias automobilísticas como a Toyota dependem de uma rede de fornecedores de componentes, e muitas foram afetadas na sua capacidade de suprimento. No entanto, a infraestrutura de transportes está bastante reconstruída, e alguns modelos, dependendo dos estoques de peças, já voltaram a ser produzidos. O seu impacto em toda a indústria japonesa é significante. E há restrições como o fornecimento de energia elétrica, mas algumas unidades mudaram seus horários de funcionamento, utilizando os fora dos seus picos de demanda. Alguns estão utilizando geradores próprios, outros trabalhando à noite e nos fins de semana. Mudanças das produções para as plantas do sudeste do Japão são também alternativas.

O jornal aponta a necessidade de flexibilidade do fornecimento de energia, como para as indústrias farmacêuticas, de chips e químicos que são mais vulneráveis aos racionamentos de energia.

O editorial registra, também, que a história da economia japonesa mostra que formas inovadoras foram utilizadas para superar estes choques de oferta, como logo depois da Segunda Guerra Mundial, bem como nas crises de petróleo dos anos 70, havendo necessidade de coordenação público-privado, pois há também uma redução da demanda em alguns setores.

O Nikkei entende que há necessidade, a médio e longo prazo, de reconstruir a imagem de suas marcas, que foi afetada pelos problemas das usinas de Fukushima Daiichi. Mas do lado positivo, o sistema de trem rápido, apesar dos violentos abalos, não provocou nenhuma vítima entre seus passageiros ou funcionários, mostrando que são seguros.

A crise deve provocar, segundo o jornal, uma onda de consolidações com fusões e incorporações, eliminando o excesso de capacidade, e melhorando a sua capacidade de sobreviver a grandes desastres naturais.

Poderia se acrescentar que eles necessitam ajustar-se, também, às atuais demandas internacionais, que estão aumentando as dos produtos que são rapidamente recicláveis, com preços competitivos nos mercados dos países emergentes. Muitas de suas indústrias que já contavam com unidades no exterior, como na China, terão que estudarem as possibilidades de outros países, para algumas de suas atividades.



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