Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Continuam as Dificuldades dos Residentes no Japão

12 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , , , | 6 Comentários »

Está se noticiando amplamente que as autoridades japonesas elevaram o grau de risco atômico na região das usinas de Fukushima Daiichi, que foram atingidas novamente por fortes terremotos, providenciando a ampliação das zonas de segurança da população, ainda que não se registre agravamento. O grau 7 é equivalente ao que ocorreu na usina de Chernobyl, ainda que a atual radiação em Fukushima seja inferior a dela. Lá ocorreu uma explosão atômica na usina da Ucrânia, diferente da japonesa, onde a explosão foi provocada pelos gases.

Ainda assim, os residentes no Japão, inclusive alguns brasileiros, informam que está ocorrendo uma banalização dos terremotos, e dos seus danos, dada a elevada quantidade dos tremores que estão ocorrendo acima de 6 graus na escala Richter. Mesmo que estes abalos estejam causando estragos materiais nas residências, bem como afetando o estado psicológico dos estrangeiros, não acostumados com o mesmo treinamento e cultura sobre os terremotos como os japoneses. Os indivíduos são desiguais e o medo não pode ser explicado pela lógica.

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Presidente da Tepco Masataka Shimizu. Novos tremores causam danos em residências

Muitos moradores no Japão alegam que depois dos primeiros tremores mais violentos receberam muitos telefonemas e outras comunicações preocupados com eles. Agora, mesmo tendo sofrido novos abalos, estas manifestações são raras, deixando-os como que abandonados. Recomenda-se, portanto, que seus familiares e amigos procurem dar as manifestações de solidariedade, para que não se sintam esquecidos com suas preocupações legítimas.

As dificuldades já estão gerando atritos entre os japoneses. O presidente da Tepco, operadora das usinas de Fukushima, procurarou o governador da província de Fukushima para apresentar suas escusas pelos inconvenientes, mas não foi recebido por ele que desejou, com o gesto, expressar a sua contrariedade.

O governo japonês está intervindo nesta empresa Tepco que não vem apresentando os resultados no controle da radiação, e tem sido objeto de críticas de autoridades japonesas e internacionais, diante da falta de transparência como a calamidade exige. Ainda que a assistência técnica internacional tenha se intensificado, os aumentos registrados ontem na radiação mostram que os resultados ainda não estão sendo obtidos, conseguindo-se, no máximo, estabilizar a situação segundo as últimas notícias.

Muitas revisões estão sendo feitas, mundo afora, nas usinas atômicas mais antigas, principalmente nas similares as de Fukushima. Os que pretendem instalar novas, por absoluta falta de alternativa, terão custos mais elevados com todas as cautelas adicionais que terão que ser providenciadas. Como colocou o prêmio Nobel Joseph Stiglitz, os cientistas subestimaram os riscos, mesmo com todos os avanços tecnológicos.


6 Comentários para “Continuam as Dificuldades dos Residentes no Japão”

  1. Rafael
    1  escreveu às 16:17 em 12 de abril de 2011:

    Eu achei desnecessário dar nota 7 à Fukushima Daiichi.Não houve explosão completa do reator,exposição de combustível diretamente ao ar livre nem uma morte sequer decorrente da radiação.Ou seja, qual a razão disso?
    Dando essa nota, só aumenta o pânico e a pressão sobre a população local, que depende, muitas vezes, de informação de jornalistas que podem ser bem sensacionalistas.Fora isso, o próprio país perde crédito, pois quem deu essa nota foi o próprio governo japonês e não a AIEA.
    Se queriam dar mais segurança aos vizinhos da usina, que evacuassem a uma área maior e explicassem a um por um, não era melhor?
    Andei lendo muitos artigos de gente da USP e do MIT e nenhum concorda que devam comparar com Chernobyl, apesar da gravidade de Fukushima.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 14:04 em 12 de abril de 2011:

    Caro Rafael,

    Tudo indica que o nível de radiação estava exagerado, e que muitas medidas que estão sendo tomadas ainda não resultaram no que seria desejável. Devemos entender que eles são especialistas, e suponho que eu, como V. somos leigos no assunto, ainda que ajudados por amigos que estando longe, só podem dar uma posição teórica. No sistema japonês estes assuntos costumam ser discutidos intensamente dentro do grupo de especialistas que decidem, ainda que isto não signifique se esteja totalmente correto. Acredito que é melhor pecar pelo excesso do que pela insuficiência. Devemos respeitar os que estão encarregados do assunto e pode estar certo que está havendo, recentemente, um intercâmbio internacional de experiências, inclusive com organismos internacionais.

    Paulo Yokota

  3. Rafael
    3  escreveu às 19:16 em 12 de abril de 2011:

    Caro sr.Yokota,

    Antes de mais nada, gostaria de me desculpar pela incisividade.
    Atrás disso tudo há uma grande torcida, acredite.Para piorar, Fukushima-ken é a terra dos meus avós, o que me dá um agravante emocional.
    Sei bem que as autoridades e técnicos estão dando o melhor.Distante, aqui no Brasil, só posso fazer o que a Monja Coen ensinou:pensamentos de paz e esperança!
    Forte abraço!

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 20:15 em 12 de abril de 2011:

    Caro Rafael,

    É compreensível. Todos nós temos alguns relacionamentos emocionais.

    Paulo Yokota

  5. Rodolfo Simões de Lima
    5  escreveu às 21:44 em 13 de abril de 2011:

    Desculpe-me pela ignorãncia, mas há perspectiva de melhora nas relações entre o Japão e a China? Após as catástrofes, os chineses realizaram doações aos nipônicos e estes ajudaram aqueles no terremoto da província de Sichuan (2008). O Japão, aliás, já pediu desculpas à China, por suas atrocidades na Segunda Guerra Mundial. Jackie Chan e Jet Li demonstraram solidariedade aos japoneses, além de doarem dinheiro aos desabrigados. No Japão, vem aumentando o número de casamentos entre japônicos e chineses e por aí vai…

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 21:54 em 13 de abril de 2011:

    Caro Rodolfo Simões de Lima,

    Como em qualquer país complexo, existem correntes de diversas tendências. Entre os idosos existem algumas restrições, mas os jovens estão mais abertos, em ambos os lados. Existem muitos trabalhos que estão sendo feitos em conjunto, pois os dois países tem qualidades reconhecidas pela outra parte. São, como os brasileiros com os chineses, os maiores parceiros comerciais entre si, tendo superado o que mantêm com os Estados Unidos. Ainda assim, não se pode dizer que tudo são flores.

    Paulo Yokota


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