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Aperfeiçoamentos no Crédito Rural Brasileiro

17 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , ,

Os que eram responsáveis pelo Banco Central do Brasil nos anos 60 até 80 ficam com um sentimento confuso. Ou o Brasil estava adiantado nas suas práticas creditícias da época ou estamos atrasados hoje, procurando recuperar parte do que se fez no passado. Em vez de concentrar-se na elevação da taxa de juros, imaginando que o mercado proporcionava as soluções adequadas, volta-se hoje às práticas chamadas de medidas macroprudenciais, que não são nada mais que as manipulações dos antigos depósitos compulsórios e estabelecimentos de restrições para a expansão descontrolada dos créditos concedidos, dirigidos para determinadas prioridades.

O Valor Econômico de hoje noticia, com um artigo do jornalista Mauro Zanatta, que as autoridades pretendem alterar o manual de crédito rural visando estimular o aumento da produção de alimentos básicos. Muitos aspectos que estão sendo aperfeiçoados já foram utilizados no passado, absorvendo conhecimentos proporcionados pela chamada Revolução Verde, liderada por Norman Borlaug, que acabou recebendo o Prêmio Nobel. Entre suas muitas contribuições, destacaram-se os usos das sementes selecionadas, corretores de solo, fertilizantes e defensivos que proporcionaram um significativo aumento da produtividade agrícola e pecuária.

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Prêmio Nobel Norman Borlaug. Aplicação de pesticida com o uso do avião

Há mais de 40 anos o crédito agrícola era dividido em investimentos, custeio e comercialização, havendo uma parcela dos recursos que os bancos privados eram obrigados a destinar para estes financiamentos, quando tive o privilégio de ser responsável também por este setor no Banco Central. Estes créditos eram subsidiados, principalmente quando utilizavam os chamados insumos modernos, ou seja, calcários para correção dos solos, fertilizantes, sementes selecionadas e defensivos agrícolas.

Por mais que as autoridades monetárias, envolvendo especialistas do Ministério da Fazenda, da Agricultura, do Banco Central e do Banco do Brasil, tivessem um conhecimento amplo das atividades agrícolas e correlatas, sempre se complementou as informações indispensáveis com os operadores do setor privado que apresentavam sugestões para o seu contínuo aperfeiçoamento. Hoje, o Banco Central não se concentra mais nestas atividades, mas seria relevante que as autoridades não tenham a arrogância de um conhecimento das contínuas evoluções que se processam no mercado.

O mundo mudou muito nestas últimas décadas, com muitos novos instrumentos para o financiamento, notadamente do chamado agrobusiness, envolvendo as atividades agroindustriais e de comercialização interna e exportação. Ainda que a agilidade esteja sendo perseguida, com a eliminação da burocracia, é preciso levar em consideração que subsídios sempre tendem a gerar desvios, havendo uma constante luta para coibi-los.

Pela notícia, tudo indica que se pretende atender os pequenos e médios produtores de alimentos, pois os que operam com as commodities contam com meios adequados para seus volumosos financiamentos, inclusive de fornecimento dos insumos agrícolas. Espera-se que tais manuais estabeleçam somente regras gerais, pois as especificidades de cada uma das atividades rurais são muitas, além de apresentar sensíveis diferenças regionais.



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