Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Empresas Japonesas Continuam Desafiando a Lógica

15 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , ,

Algumas grandes empresas japonesas continuam contrariando a sua própria lógica, e ouvindo pouco as opiniões locais, sujeitando-se aos riscos desnecessários. Quando da decisão de localização de uma delas no Mercosul, acabaram decidindo instalar uma de suas unidades na Argentina, mesmo sabendo que o Brasil contava com um complexo industrial mais estruturado para o fornecimento de componentes e representava a demanda de cerca de 80% da produção prevista. Possivelmente, foram guiados pelo princípio que deveriam estar presentes em todos os mercados, considerando sua atuação no mundo globalizado. Esqueceram os sábios princípios japoneses de fazer as coisas logicamente, nos projetos de longo prazo, evitando o uso de artifícios. Existe um ditado japonês que afirma que a água corre para o mar, sendo mais difícil reverter esta tendência lógica, fazendo-o subir para a montanha.

Mais recentemente, decidiram instalar uma nova unidade no Estado de São Paulo, considerando que estavam mais próximas da localização de suas principais unidades, ainda que muitos outros estados brasileiros oferecessem vantagens fiscais e outras facilidades. Dificilmente, elas perdurarão por muito tempo num país Federativo, que conta com impostos de valor adicionado que estão sendo utilizados como barreiras alfandegárias. Devem ter aprendido com as dificuldades que estão enfrentando no Mercosul e passaram a respeitar um pouco mais as opiniões daqueles que possuem uma longa experiência local.

mitsubishi toyota

Outras montadoras japonesas continuam se instalando em outros estados, que procuram atrair as empresas estrangeiras com incentivos de toda a natureza, que dificilmente perdurarão por prazos muito longos. Seus produtos, como os fornecedores dos componentes, estão localizados fora destes estados, e a tendência de enfrentarem dificuldades futuras é elevada.

Evidentemente, existem economias de escala e de aglomeração que recomendam um mínimo de descentralização, mas dentro das fronteiras dos estados que possuem os maiores mercados, tanto dos produtos acabados como dos componentes. Estão dotados por uma infraestrutura mais complexa, que facilita a sua logística, que se torna sempre um fator relevante para a localização industrial, ainda que fosse desejável que existisse uma isonomia.

Na medida em que o desenvolvimento de um país vai se acelerando, medidas para o seu melhor equilíbrio na localização das atividades econômicas, visando uma melhor distribuição de renda, podem ser tomadas. Mas, elas devem ser de naturezas diferentes, e precisam ser devidamente avaliadas.

A longa experiência de profissionais que acompanham a evolução histórica, conhecendo os fatores político, sociais e econômicos que influem nas mudanças das medidas governamentais deve ser respeitada. Imaginar que no Brasil vai acontecer algo semelhante ao que vem ocorrendo na China pode levar a risco desnecessário.



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