Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Classe Média Chinesa Absorvendo Costumes Japoneses

1 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais | Tags: , , , | 14 Comentários »

Um interessante artigo foi publicado no jornal japonês Asahi informando que a nova classe média chinesa está se interessando por tipos de apartamentos utilizados pelos japoneses que, mesmo tendo um espaço total de cerca de 80 metros quadrados, contam com todas as facilidades para acomodar melhor uma família que ocupa hoje um apartamento do tipo chinês de 100 metros quadrados, com confortos adicionais. Cita o caso de uma família chinesa que adquiriu um por cerca de US$ 300 mil, tendo uma renda anual de cerca de US$ 45 mil. Eles contam agora com uma toilet inclusive para banhos de imersão do tipo “furô”, além de um sistema de aquecimento no andar, que não era usual nos apartamentos chineses.

Além das imobiliárias japonesas como a Daiwa House, Marubeni, Sumitomo e Mitsui Fudosan, as empresas chinesas estão instalando conjuntos em diversas cidades. Eles já vêm com a decoração pronta, diferindo das chinesas que são entregues somente com as paredes e pisos que precisam receber acabamentos. Muitos chineses só utilizam o chuveiro, e os novos apartamentos contam com uma entrada onde os sapatos são depositados fora. A empresa chinesa Jingdou Heshi instalou lojas em Beijing, Tianjin, Shenyang, Wuhan e Xangai vendendo salas como as japonesas, com grande sucesso, inclusive com mesas retratáveis operadas por controle remoto no cento das mesmas, que podem ser utilizadas como salas de tatami, pisos utilizados sem calçados.

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Eu e minha família tivemos uma experiência morando num pequeno apartamento no Japão, quando estávamos acostumados com mais espaços no Brasil. A funcionalidade e o bom aproveitamento de todos os espaços proporcionam o conforto desejado, mesmo que o número de metros quadrados seja baixo, pois eles custam muito naquele país. Existem armários embutidos para tudo, e muitos espaços são destinados para multiusos.

Os chineses estão absorvendo estes conhecimentos. Muitos produtos domésticos japoneses baratos podem ser encontrados em lojas chinesas, como uma que está numa estação de metrô de Xangai, que conta com cerca de 5.000 itens, incluindo materiais de escritório de utensílios de cozinha. Wang Shan, com experiência no Japão, fundou uma empresa que está vendendo estes produtos na China, pretendendo instalar 1.000 lojas até 2015.

Os aparelhos sanitários japoneses estão sendo bem aceitos na China. A empresa chinesa Huida Ceramic está vendendo produtos com design japonês, depois de uma exposição japonesa realizada em Xangai. Tudo indica que depois dos desastres naturais no Japão aumentaram o interesse dos chineses sobre a construção japonesa e os utensílios por eles utilizados.

Uma revista especializada na vida japonesa e sua cultura está sendo vendida com sucesso na China, sob responsabilidade de um chinês que vive em Hyogo, no Japão, mostrando que este interesse está aumentando. Como os japoneses absorveram muito da cultura chinesa no passado, hoje os chineses estão se atualizando com as facilidades disponíveis no mundo, copiando parte do que se dispõe no Japão.


14 Comentários para “Classe Média Chinesa Absorvendo Costumes Japoneses”

  1. Olavo Alves
    1  escreveu às 20:52 em 1 de junho de 2011:

    Absolutamente formidável e curioso este texto. Num mundo globalizado como o nosso, um país acaba influenciando o outro e vice-versa. Quando jovem, pratiquei judô e, hoje, nunca deixo de ir aos restaurantes de culinária japonesa. Conheço um nipônico (do Japão mesmo) que aprecia feijoada e carnaval.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 20:58 em 1 de junho de 2011:

    Caro Olavo Alves,

    Realmente, estamos num mundo globalizado e moramos todos numa aldeia global. Precisamos aprender a conviver uns com os outros, respeitando as diferenças que temos.

    Paulo Yokota

  3. Raphael
    3  escreveu às 21:33 em 1 de junho de 2011:

    Muito curioso. E, talvez, aqui mesmo no Brasil as colônias estão tendo um intercâmbio maior.
    Recentemente fui à Liberdade trocar o aquecedor do velho ‘ofurô’ do meu pai.Na loja havia uma família de chineses-brasileiros encomendando uma banheira.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 21:59 em 1 de junho de 2011:

    Caro Raphael,

    Obrigado pelo comentário. Eu evito a expressão “colônias” que podem dar uma conotação erronea, do período que existiam metrópoles e suas colônias. O que está ocorrendo entre o Japão e a China é todo o conjunto de edifícios e os apartamentos completos, como não existe no Brasil. Pelo que conheço existem por aquí algumas casas do tipo japonês, mas não conheço nenhum edifício com muitos apartamentos, com tatamis, furôs, armarios, janelas e outras divisórias, bem como sistema de calefação do tipo japonês.

    Paulo Yokota

  5. Classe Média Chinesa Absorvendo Costumes Japoneses » Asia comentada | Media Brasileiro
    5  escreveu às 01:32 em 2 de junho de 2011:

    […] the original post: Classe Média Chinesa Absorvendo Costumes Japoneses » Asia comentada Tweet This Post Mídia, Opiniao << Confira a média-manhã desta quarta-feira, 01/06: « […]

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 05:38 em 2 de junho de 2011:

    Senhores,

    Obrigado pela menção.

    Paulo Yokota

  7. Dagoberto Leitão Leal
    7  escreveu às 14:41 em 2 de junho de 2011:

    Sempre imaginei que os chineses tinham muito ódio dos japoneses. Parece que aqueles se esqueceram do que estes fizeram nas guerras passadas… Sou afrodescendente e acho que certas coisas jamais devem ser esquecidas. Para mim, a ecravidão ainda dói. É espantoso que os chineses estejam absorvendo costumes japoneses.
    Quero saber do blogueiro se os japoneses se dão bem com chineses no meu país???

  8. Paulo Yokota
    8  escreveu às 19:04 em 2 de junho de 2011:

    Caro Dagoberto Leitao Leal,

    Muito obrigado pelos seus comentários. Respondendo à sua pergunta, como em todos os povos, sempre existem os que ainda se lembram dos problemas passados. Na média atual, tanto os japoneses como os chineses, nos seus países como no exterior, convivem de forma razoável, tendo seus interesses comerciais e políticos diferenciados, mas admitindo que precisam coexistirem com suas desigualdades, em benefícios recíprocos. Trabalhei e vive tanto no Japão como na China, e sinto que existem mais coisas que os unem dos que os que os separam. No Extremo Oriente, como na Europa, mesmo com suas individualidades, há uma tendência no sentido da formação de uma só comunidade, a longo prazo.

    Paulo Yokota

  9. Paulo Ramos
    9  escreveu às 19:37 em 2 de junho de 2011:

    Respeitosamente, ouso discordar do comentarista Dagoberto. Não é salutar para o ser humano cultivar o ódio e a mágoa. Já visitei o Japão por duas vezes como turista. O povo nipônico é bastante polido, cortês com os estrangeiros. Senti muita sinceridade no olhar dos japoneses, ao tentarem conversar, em inglês, comigo.
    As gerações atuais não podem ser responsabilizadas pelo que ocorreu no passado entre os dois gigantes orientais. A raça humana precisa evoluir.

  10. Paulo Yokota
    10  escreveu às 22:58 em 2 de junho de 2011:

    Caro Paulo Ramos,

    Todos os orientais costumam ser simpáticos com os turistas estrangeiros. Também, acredito, que a maioria não guarda rancores relacionados com acontecimentos passados, mas as histórias dos povos são complexas, havendo sempre grupos, muitas vezes ativos, que continuam alimentando problemas. Por exemplo, os dirigentes japoneses não podem visitar o Templo Yakusuni sem provocar reações dos seus vizinhos, pois além dos herois japoneses, lá estão sepultados líderes militares japoneses que são considerados criminosos de guerra. As histórias costumam ser escritas pelos vencedores.

    Paulo Yokota

  11. Ana Paula dos Santos Silva
    11  escreveu às 14:05 em 3 de junho de 2011:

    Caro Prof. Yokota:

    No site da BBC Brasil, há uma matéria acerca da “Unidade dos Veteranos Hábeis”. Reputo muito interessante aos seus leitores. O senhor poderia desenvolver um artigo mais aprofundado acerca do tema. Grata.

  12. Paulo Yokota
    12  escreveu às 17:09 em 3 de junho de 2011:

    Cara Ana Paula,

    Obrigado pela sugestão. Ví a matéria do BBC Brasil e tentarei elaborar um artigo sobre o assunto.
    `
    Paulo Yokota

  13. Jonas
    13  escreveu às 14:43 em 6 de junho de 2011:

    É bem parecido ou não tão agressivo como os jovens chineses estão absorvendo a cultura pop japonesa, como a moda, música, mangás, tecnologia e etc…
    Acompanho a tendência jovem japonesa porque admiro esse desenvolvimento rápido e sempre me deparo com jovens com estilo ou comportamento de japones, mas na verdade não são, e isso esta refletindo aqui no Brasil também.

    Estou tentando analisar esse comportamento, e de como será o futuro, por que conheço muitos japoneses que não gostam e não querem que sua cultura seja exportada.

  14. Paulo Yokota
    14  escreveu às 04:18 em 7 de junho de 2011:

    Caro Jonas,

    Obrigado por usar o nosso site. O mundo está cada vez mais globalizado e os jovens são mais flexíveis para absorver novos conhecimentos, de qualquer procedência. A velocidade do desenvolvimento tecnológico está tornando muitas coisas quase descartáveis, tanto bens materiais como conhecimentos culturais, hábitos e costumes.
    Não entendí bem a questão colocada na sua última frase, e podemos debater este assunto, se V. me enviar um email explicando melhor o que está sendo objeto de seu interesse, bem como alguns dados de sua formação.

    Paulo Yokota


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