Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Visita do Ministro Matsumoto à Cúpula do Mercosul

28 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , ,

O anúncio oficial da visita do ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Takeashi Matsumoto, à reunião de cúpula do Mercosul a ser realizada no Paraguai, seguido de encontro com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, mostra a mudança de atitude japonesa com relação à América do Sul. Na nota apresentada pelo jornal econômico japonês Nikkei, há uma menção explícita que o Mercosul tem uma dimensão maior que o Asean, que reúne os países do Sudeste Asiático, que vinha merecendo uma atenção especial da parte do Japão.

O objetivo principal é avançar nas negociações de um Acordo de Livre Comércio – FTA entre os dois blocos, mesmo que distantes geograficamente, pois no atual mundo globalizado, sem avanços globais e multilaterais no âmbito da OMC – Organização Mundial do Comércio, os diversos países estão tentando implementar mecanismos que facilitem o comércio internacional entre as regiões.

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Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota

Diversos países estão tentando estabelecer estes mecanismos com o Mercosul, entre eles Coreia e Israel, mas sempre existem interesses setoriais que são difíceis de serem conciliados. No caso do Japão, o seu setor agrícola que tem uma importância econômica limitada, mas um grande poder político em decorrência do sistema de eleições distritais que adotam, resiste a estas tentativas que interessam mais profundamente ao setor industrial.

Para os países do Mercosul, sempre os acordos são difíceis, pois seus países membros apresentam grandes diferenças na estrutura econômica, com o Brasil e a Argentina mais industrializados, enquanto o Uruguai e o Paraguai contam com menores dimensões e pouca atividade industrial. O Brasil, preservando os acordos estabelecidos no âmbito do Mercosul, fica limitado nas suas possibilidades de implementar mais rapidamente estes tipos de acordo pretendidos por diversos países fora da América do Sul.

De qualquer forma, ficar fora da atual proliferação destes acordos é limitar as possibilidades do seu desenvolvimento, que necessita incrementar não somente a exportação de produtos primários, mas outros com maior valor adicionado. Evidentemente, existem outras medidas internas que necessitam ser alinhadas, como as cambiais, juros internos, carga tributária, e os outros itens que são chamados genericamente de “custo Brasil”. Ainda que mais lentamente do que desejado pelo setor privado, as autoridades se mostram com tendências para elevar a competitividade da indústria nacional, até porque precisa criar empregos de qualidade para a sua população.

O que foge do padrão normal do Japão, nesta visita, é que o chanceler japonês a efetua em pleno período de funcionamento de sua Dieta, que discute medidas consideradas de grande importância pelo atual governo japonês, antes da substituição prevista do primeiro-ministro Naoto Kan.



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